Publicado em 10/02/2021 - Atualizado 22/04/2024

O guia sobre a infertilidade feminina

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Muitas mulheres não conseguem engravidar. A dificuldade, geralmente, traz consigo um alerta: é hora de considerar um diagnóstico de infertilidade feminina para descobrir se há algo impedindo a gravidez de acontecer.

No artigo de hoje, vamos falar sobre os desafios enfrentados por muitas mulheres que desejam engravidar e como o diagnóstico de infertilidade pode ser um passo fundamental para fazer um tratamento para engravidar.

O que é a infertilidade?

A infertilidade é definida como a incapacidade de conceber após um ano de tentativas regulares e não protegidas para engravidar. Este período é reduzido para seis meses em mulheres com mais de 35 anos, uma vez que a fertilidade começa a diminuir com a idade.

Essa é uma condição que pode ser causada por uma variedade de fatores, podendo ser de origem masculina, feminina ou mista. No caso da infertilidade feminina, os fatores que contribuem para a dificuldade da gravidez podem ser de natureza física, hormonal, genética ou relacionada ao estilo de vida.

Identificar a causa subjacente da infertilidade feminina é um passo crucial para determinar as opções de tratamento mais adequadas. A primeira consulta pode ser feita com o ginecologista de confiança da mulher. O profissional poderá fazer uma avaliação inicial para investigar se há a possibilidade de a mulher estar infértil.

Quais são as principais causas da infertilidade feminina?

Diversos fatores são identificáveis como possíveis causas da infertilidade feminina. Constam desde distúrbios mecânicos dos órgãos reprodutores femininos, como malformações congênitas e cicatrizes de intervenções prévias nesses locais, a distúrbios metabólicos e hormonais.

Além disso, existem, ainda, os efeitos colaterais de alguns medicamentos, tais como antidepressivos e quimioterápicos. No entanto, as causas da infertilidade feminina mais frequentes são: distúrbios ovulatórios, endometriose, aderências pélvicas e anormalidades na tuba uterina. Conheça-as a seguir.

Distúrbios ovulatórios

Os distúrbios ovulatórios, como o nome indica, são problemas relacionados à ovulação, ou seja, ocorridos na liberação dos oócitos (células germinativas femininas) pelos ovários. Isso pode desencadear baixa frequência de ovulações ou sua ausência completa.

Os sintomas, geralmente, manifestam-se com irregularidades menstruais. As causas dos distúrbios ovulatórios são múltiplas. Elas incluem:

  • síndromes com disfunções hormonais, como a síndrome do ovário policístico, hipertireoidismo ou hipotireoidismo e distúrbios alimentares;
  • estresse contínuo e outros aspectos emocionais;
  • exercícios físicos muito intensos (mais comum nas atletas);
  • uso de medicações específicas, como anticoncepcionais orais, antidepressivos, antipsicóticos, corticosteroides ou agentes quimioterápicos.

Endometriose

A endometriose, por sua vez, constitui-se no aparecimento de tecido endometrial (próprio do útero) em outros órgãos ou regiões do corpo. Tais ocorrências podem causar infertilidade quando afetam os demais órgãos reprodutores, como ovários ou tuba uterina.

Além disso, a endometriose pode estimular a produção de substâncias inflamatórias. Essas influências ocorrem nos processos normais de ovulação, fertilização e implantação do embrião.

Aderências pélvicas

A terceira causa infertilidade feminina é a existência de aderências pélvicas. Elas surgem, geralmente, como consequência de cirurgias ou procedimentos ginecológicos (como curetagens, cesarianas, entre outras cirurgias do aparelho reprodutor feminino). Alem disso muito frequentemente surgem como sequelas de IST – principalmente causada pela clamidia.

As aderências se formam durante a cicatrização dos tecidos traumatizados, apresentando-se como bandas fibrosas que ligam tecidos ou órgãos originalmente separados. Elas também podem ocorrer após procedimentos não ginecológicos, como para o tratamento da apendicite — uma das principais causas de cirurgia abdominal na população.

Anormalidades na tuba uterina

As anormalidades da tuba uterina dificultam o transporte dos oócitos e dos espermatozoides no trajeto entre o útero e o ovário. Dessa forma, diminuem a fertilidade.

A principal causa desses distúrbios é a doença inflamatória pélvica (DIP). Entre os fatores de risco para seu aparecimento, destacam-se as infecções advindas do trato genital inferior, por patógenos (como a clamídia ou a gonorreia).

Acrescentam-se a esses fatores outras causas que dificultam a implantação do embrião no útero. Por exemplo:

  • tumores ou malformações congênitas;
  • síndromes autoimunes, que podem desencadear a rejeição do embrião pelo organismo materno ou danos placentários;
  • defeitos genéticos que levam à infertilidade.

Outro fator que não pode deixar de ser mencionado é o envelhecimento. A redução da quantidade e da qualidade dos óvulos é um processo natural que, consequentemente, leva à diminuição da fecundidade. Após os 35 anos, principalmente, diminuem as chances de engravidar naturalmente e, por outro lado, aumentam o risco de aborto e doenças genéticas.

Segundo a SBRA, as causas da infertilidade em casais são iguais para homens e mulheres: 35% para cada. O lado bom é que, na maioria das vezes, os problemas são tratáveis.

Portanto, caso perceba alguma alteração que exija uma abordagem mais complexa ou, pelo contrário, caso não encontre nada que justifique a dificuldade para engravidar, o ginecologista pode encaminhar a paciente para um médico especialista em reprodução humana assistida.

O casal não deve perder tempo em procurar ajuda médica. Durante a consulta com o especialista, a primeira coisa que a mulher terá de fazer são os exames de análises clínicas (sangue) para avaliar os níveis hormonais, uma ecografia (exame de imagem) e um exame ginecológico. Os exames servem para verificar o estado geral de saúde da mulher e informar ao médico se ela está ovulando, por exemplo.

9 exames que ajudam no diagnóstico de infertilidade feminina

Considerando que a causa da dificuldade em engravidar seja da mulher, o diagnóstico de infertilidade feminina irá envolver a avaliação de vários parâmetros para identificar a causa subjacente.

As condições dos ovários e do útero também são observadas, assim como o desenvolvimento folicular, por intermédio de exames mais específicos, que ajudam no diagnóstico da infertilidade, avaliando a capacidade ovariana de ovular.

Confira a lista dos exames mais solicitados quando se trata de investigar as causas da infertilidade feminina.

1. Toque vaginal

O toque vaginal é um exame ginecológico de rotina, geralmente, realizado na primeira consulta. Ele permite avaliar a vagina e o colo e corpo do útero, sendo essencial no diagnóstico da endometriose e da doença inflamatória pélvica (DIP).

2. Exames de sangue

Alguns exames laboratoriais permitem medir os níveis hormonais e, assim, fazer a pesquisa da reserva ovariana, bem como identificar possíveis alterações ligadas à infertilidade. Entre eles, destacam-se as dosagens de:

  • FSH (hormônio folículo estimulante);
  • HAM (hormônio anti-mulleriano);
  • LH (hormônio luteinizante);
  • TSH (hormônio estimulante da tireoide)
  • Progesterona;
  • Prolactina;
  • Testosterona;
  • Estradiol;
  • DHEA-S (sulfato de hidroepiandrosterona).

3. Ultrassonografias

A ultrassonografia transvaginal revela o tamanho dos ovários, bem como a presença de folículos antrais (capazes de crescer e ovular). Já a ultrassonografia transvaginal seriada permite avaliar a função ovariana mais a fundo. Para isso, é feita a contagem de folículos antrais (CFA),sendo que quanto mais baixo o número de foliculos, menor a reserva ovariana.

Além disso, os exames de ultrassom também são usados para averiguar a recuperação da paciente após realizar uma cirurgia uterina. Afinal, a capacidade reprodutiva só é restabelecida quando ocorre a cicatrização completa da área tratada. As demais estruturas pélvicas também são avaliadas por essa via.

4. Colposcopia

colposcopia é um exame que permite examinar, visualmente, a vagina, vulva e colo do útero. Ela é muito útil para identificar junto com o exame do Papanicolau (citologia oncótica) a presença de HPV em casos assintomáticos e sem lesões visíveis a olho nu.

5. Videolaparoscopia

A videolaparoscopia possibilita examinar o útero, trompas e ovários. Para isso, introduz-se um tubo rígido (o laparoscópio) na cavidade abdominal, por meio de uma pequena incisão (abaixo do umbigo) e uma sonda (na vagina e útero). Dessa forma, é possível identificar anomalias muito pequenas, inflamações e tecidos cicatriciais. Alem disso a videolaparoscopia e um procedimento cirurgico reparador onde pode-se resolver todos os achados alterados como: ressecção da endometriose, lise de aderencias, plastica nad trompas, etc

6. Cistoscopia

A cistoscopia é um exame usado para diagnosticar cálculos, malformações, infecções urinárias recorrentes, como cistites, uretrites. Trata-se de uma inflamação ou infecção da uretra que, se não tratada, pode levar a doenças que afetam o útero, trompas e ovários, prejudicando a fertilidade.

7. Urografia excretora

A urografia excretora é outro exame usado para avaliar distúrbios ligados à função urinária (como estreitamentos ureterais) que possam ter relação com a infertilidade. Geralmente, é solicitada de forma complementar à ultrassonografia sugestiva de endometriose.

8. Histerossalpingografia

A histerossalpingografia é um exame de raio-x contrastado. Ela possibilita ao médico visualizar as condições do interior do útero e das trompas de falópio, para avaliar se existem desvios funcionais ou na anatomia desses órgãos e confirmar ounão a permeabilidade das trompas.

09. Histeroscopia

A histeroscopia visualiza a parte interna do útero por meio da introdução de uma sonda com uma pequena câmera (histeroscópio). O exame permite investigar a existência de anomalias, como miomas e pólipos uterinos. Além disso, possibilita averiguar problemas inflamatórios do endométrio e colher material de regiões específicas para análise laboratorial.

De modo geral, é importante destacar que nem sempre os problemas de fertilidade estão relacionados a questões físicas. Alguns hábitos de vida também podem impossibilitar a reprodução. Esse e outros parâmetros também precisam ser considerados no diagnóstico de infertilidade:

  • hábitos de vida pouco saudáveis: fumar, usar drogas, praticar mais exercícios físicos do que o recomendado, não controlar o peso e o estresse, manter uma dieta deficitária, expor-se a produtos tóxicos e à poluição excessiva são fatores associados à infertilidade feminina;
  • Idade: como dito anteriormente, quanto mais o tempo passa, menores são as chances de uma mulher engravidar naturalmente. A probabilidade reduz a cada ano de vida. A ação do tempo também interfere negativamente na qualidade dos gametas femininos;
  • Problemas de infertilidade sem explicação: pode acontecer de as causas da infertilidade conjugal não serem identificadas mesmo após toda a investigação diagnóstica. Nesse caso, é necessário buscar outras alternativas para a mulher tornar-se mãe e a mais indicada será a fertilização in vitro.

Entendemos que o diagnóstico de infertilidade é um momento difícil que pode causar sofrimento, contudo, mesmo diante desses obstáculos, existem alternativas e soluções disponíveis.

Como buscar um tratamento adequado às suas necessidades?

Já sabemos que a dificuldade para engravidar acende um alerta para o problema da infertilidade. Contudo, quanto antes você buscar ajuda especializada, maiores as chances de engravidar.

A reprodução assistida é a área da medicina responsável por tratar as causas da infertilidade feminina. Entre as terapêuticas, destacam-se:

É importante destacar que o tempo de tratamento varia de acordo com o diagnóstico da paciente, idade, condições de saúde e tratamento adotado. Ainda que o processo seja individualizado, estima-se que, em média, os ciclos levam de 1 mês a 45 dias.

Além disso, durante os tratamentos é importante manter a calma e confiar na capacidade da equipe de especialistas. Mesmo porque, sabe-se que a ansiedade e o estresse também estão entre as causas da infertilidade feminina.

Relação com os aspectos emocionais

Por que não me cuidei melhor? Por que não engravidei antes? E agora, o que vamos fazer juntos? Todos esses são questionamentos que a mulher pode fazer a si mesma quando se descobre infértil.

Por isso, o acompanhamento psicológico é tão importante, ajudando a eliminar estas e outras questões, enraizadas nas mulheres há anos: a de que todas nasceram para ter filhos. Essa é uma crença presente no inconsciente feminino capaz de gerar frustração quando não é concretizada por algum motivo.

A mulher sente que, de alguma forma, deixou de cumprir seu papel na sociedade e perante o parceiro, e se angustia por isso. Esse é um pensamento que precisa ser combatido.

Vencê-lo pode não ser fácil, já que depende da própria mulher mudar a forma como percebe a situação e entender que não é porque ela não quer. É por uma condição orgânica que não a permite ter um filho naquele momento. Uma situação que simplesmente aconteceu e sobre a qual ela, talvez, não tivesse domínio.

Compreender o que está acontecendo e impedindo a concepção é uma forma de elucidar o assunto e pensar em quais são as alternativas. Nem sempre são as falhas orgânicas que atrapalham a fecundação do óvulo pelo espermatozoide.

O estresse associado às exigências da vida quotidiana também pode modificar o funcionamento do sistema reprodutor feminino. Assim, é preciso estar atento a todas as possíveis variáveis existentes na infertilidade feminina. Algumas delas podem ser de fácil solução, enquanto outras podem requerer uma avaliação médica mais minuciosa.

Lembre-se que muitos problemas de saúde que comprometem a saúde reprodutiva feminina, podem ser tratados pelas técnicas de reprodução humana assistida, dependendo do caso.

Se você deseja conversar com um especialista em fertilidade, conte com a equipe da Fecondare, uma clínica de fertilização em Florianópolis que oferece suporte abrangente para mulheres e casais que desejam conceber. Não hesite em entrar em contato conosco para esclarecer dúvidas ou buscar orientação sobre a infertilidade feminina.

Esperamos que o artigo tenha sido esclarecedor. Quer ler mais conteúdos como esse? Acesse o blog da Fecondare e fique por dentro de tudo sobre a saúde reprodutiva.

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Publicado por: Dr. Marcelo Costa Ferreira - Ginecologista - CRM/SC 7223 e RQE 2935
Formado em Medicina pela FURB, Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia, Especialização em Reprodução Humana no Centro de Referência da  Saúde da Mulher em São Paulo e Especialização em Reprodução Assistida

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