O câncer de mama é bastante recorrente entre as mulheres — sendo que, para cada ano do triênio 2023-2025, são estimados 73.610 novos casos no Brasil. Assim, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca),excluindo os tumores de pele não melanoma, trata-se da neoplasia maligna mais comum entre elas.
Devido a esse cenário, presente no mundo todo, surgiu a campanha Outubro Rosa, a qual visa conscientizar sobre a doença. Aproveitando o período, a equipe da Fecondare, clínica de fertilização localizada em Florianópolis, SC, resolveu abordar a questão, focando, especialmente, no impacto à capacidade reprodutiva.
Portanto, neste conteúdo mostramos os principais aspectos do câncer de mama e como a doença pode afetar a fertilidade feminina. Além disso, explicamos como as técnicas de reprodução assistida — principalmente, a criopreservação e a fertilização in vitro (FIV) —, ajudam as pacientes oncológicas a gerar filhos.
Enfim, esperamos que o material seja claro, informativo e proveitoso. Continue a leitura e esclareça suas dúvidas!
Quais são as causas do câncer de mama?
O câncer de mama é resultante da multiplicação de células anormais da mama, as quais formam um tumor com potencial de invadir outros órgãos e tecidos. Assim, conforme a célula onde a mutação teve origem, surgem diferentes tipos de cânceres de mama, sendo que alguns se desenvolvem rapidamente e outros não.
Felizmente, a maioria tem uma boa resposta aos tratamentos, principalmente, quando diagnosticados precocemente. No entanto, ainda não foi possível identificar, com precisão, as causas desse tipo de doença.
Como prevenir sua ocorrência?
Para prevenir o câncer de mama, deve-se ter um estilo de vida saudável. Isso inclui medidas como:
- alimentar-se de forma saudável e equilibrada, dando preferência a opções in natura e minimamente processadas;
- evitar o excesso de carnes vermelhas, bem como de alimentos processados e ultraprocessados;
- praticar atividades físicas regularmente;
- manter o peso corporal adequado, evitando o sobrepeso;
- não fumar e evitar a ingestão de bebidas alcoólicas;
- amamentar os filhos no peito, pelo maior tempo possível;
- ir às consultas ginecológicas periódicas e realizar os exames de rotina.
Fora isso, também é importante ficar alerta aos sinais e sintomas do organismo, que podem indicar a presença de um tumor. Entre eles, destacam-se:
- presença de nódulo palpável na mama, geralmente, indolor;
- inchaço em parte da mama
- vermelhidão, descamação, dor, afundamento e/ou saída de alguma secreção do mamilo;
- mudanças na pele da mama, ficando avermelhada, retraída ou com a textura parecida com a casca de laranja;
- presença de pequenos caroços na região das axilas e/ou no pescoço.
Apesar de, muitas vezes, essas ocorrências não terem relação com o câncer de mama, elas precisam ser investigadas o quanto antes. No entanto, muitas mulheres, por medo ou desconhecimento, preferem não buscar ajuda, o que acaba atrasando o diagnóstico e levando a complicações.
O que é a campanha Outubro Rosa?
Por tudo isso, é preciso desfazer as crenças a respeito do câncer de mama. A doença não deve ser vista como uma sentença de morte ou um mal incurável.
É aí que entra o movimento Outubro Rosa, uma ação de alcance mundial, criada pela American Cancer Society em parceria com empresas e organizações. A campanha objetiva conscientizar e mobilizar as mulheres sobre prevenção, diagnóstico, tratamento e cura do câncer na mama. Além disso, também oferece informações e apoio às pessoas afetadas pela neoplasia.
Como é o diagnóstico da doença em mulheres jovens?
Na maioria das vezes, o câncer de mama acomete mulheres com mais de 50 anos. No entanto, a doença também pode afetar mulheres jovens — muitas vezes, sem histórico familiar ou doenças preexistentes — e, em plena idade reprodutiva.
Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM),nos últimos anos, assistimos a um aumento considerável da sua incidência em mulheres com menos de 35 anos. Historicamente, o percentual de mulheres afetadas nessa faixa etária era de apenas 2%. Atualmente, fica entre 4% e 5%.
Esse cenário ocorre não apenas no Brasil, mas em vários outros países, principalmente, naqueles em desenvolvimento. Entre os aspectos possivelmente relacionados ao aumento do câncer de mama em mulheres jovens, destacam-se:
- menor número de filhos;
- gestações mais tardias;
- alimentação inadequada;
- estresse do dia a dia.
Para complicar, diagnosticar a doença em mulheres com menos de 40 anos é algo bastante desafiador. Isso porque, não existem exames de rastreamento para essa faixa etária, uma vez que suas mamas são densas, o que diminui a eficácia dos exames de imagem.
Assim, muitas costumam procurar ajuda médica (geralmente, do ginecologista ou do mastologista) após sentirem um caroço na mama ou notarem alterações na pele da mesma. Acontece que esses sintomas surgem apenas nas fases mais avançadas da doença, tornando sua abordagem mais difícil.
Fora isso, tumores mamários que se desenvolvem em mulheres mais jovens tendem a ser biologicamente mais agressivos e com maior prevalência de metástases. Tudo isso complica o tratamento, exigindo a adoção de terapêuticas mais potentes e, consequentemente, com mais efeitos colaterais.
De que maneira o câncer de mama afeta a fertilidade feminina?
Além das complicações que possam vir a surgir em decorrência da doença, a forma de tratá-la, muitas vezes, pode comprometer a fertilidade feminina. Isso porque, uma das principais terapêuticas empregadas — a quimioterapia —, é capaz de reduzir a velocidade ou até mesmo interromper o crescimento das células reprodutivas.
Para saber mais, baixe gratuitamente nosso e-book: O câncer e a fertilidade feminina
Segundo a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida, alguns tipos de drogas quimioterápicas provocam lesões nos ovários, prejudicando ou destruindo a capacidade reprodutiva. Essas lesões, é importante reforçar, atingem os óvulos e os folículos ovarianos. Com isso, é comum que a mulher tenha infertilidade após o tratamento, devido à diminuição da reserva ovariana ou mesmo à menopausa precoce.
Como preservar a fertilidade em mulheres com câncer de mama?
O tipo de tumor e o estágio em que se encontra a doença determinam a indicação terapêutica, que deve ser individualizada e multidisciplinar. Sendo assim, quanto mais precoce o diagnóstico, maiores as chances de não necessitar de quimioterapia e/ou de outras terapêuticas com chances de comprometer a fertilidade.
Já quando esses tratamentos são indispensáveis para curar a neoplasia, é preciso encontrar estratégias para preservar a saúde reprodutiva. A oncofertilidade é, justamente, a especialidade da medicina reprodutiva que visa possibilitar a maternidade para sobreviventes da doença.
Assim, pacientes oncológicas que ainda não são mães e pretendem gerar filhos biológicos no futuro precisam recorrer à criopreservação (congelamento) de óvulos, tecido ovariano ou mesmo embriões. Isso é feito antes do início do tratamento, em geral, seguindo a seguinte conduta:
- congelamento de óvulos, indicado para mulheres em idade reprodutiva;
- congelamento de tecido ovariano, indicado para meninas pré-púberes, que ainda não atingiram a maturidade do sistema reprodutor;
- congelamento de embriões, para mulheres que já têm um parceiro estável, com o qual desejam gerar filhos.
Para aprofundar o assunto, sugerimos a leitura do e-book: Criopreservação de óvulos
Como engravidar após o tratamento oncológico?
Para conseguir engravidar após o tratamento, é preciso planejamento. Assim, ao receber o diagnóstico de câncer de mama, é necessário perguntar ao oncologista se o tratamento ao qual será submetida pode resultar em infertilidade. Em caso positivo, o aconselhamento oportuno sobre as formas de preservar a fertilidade é fundamental para possibilitar a maternidade no futuro.
Portanto, para conseguir engravidar depois do câncer de mama, deve-se procurar um ginecologista especialista em reprodução assistida antes de iniciar o tratamento oncológico. Depois de realizar uma avaliação completa da fertilidade, caso tenha gametas viáveis, eles podem ser retirados e criopreservados, ficando à disposição da paciente.
Entenda quando a técnica é recomendada:
Normalmente, o processo de análise, coleta e congelamento leva entre duas a três semanas. No entanto, em alguns casos, essa espera pode ser um agravante, já que o tempo pode comprometer o sucesso do tratamento oncológico. Quando aguardar não for uma opção segura, a saúde e o bem-estar da paciente devem ser a prioridade número um.
Já em relação à melhor hora para engravidar, recomenda-se aguardar um tempo após o término do tratamento oncológico. Isso porque, novamente segundo a SBRA, existe uma correlação entre alguns tipos de tumores de mama e os hormônios produzidos pelos ovários durante a gestação. Portanto, indica-se esperar passar o período crítico do risco de recidiva (retorno da doença) para tentar engravidar, visando a redução de riscos.
Assista também:
De que maneira a criopreservação é realizada?
A criopreservação é um tratamento de reprodução assistida indicado para quem deseja e/ou precisa adiar a gravidez. É o caso, por exemplo, das pacientes com câncer de mama submetidas à quimioterapia.
Graças à técnica, pode-se tentar engravidar com ovócitos próprios, mesmo que sua fertilidade tenha ficado comprometida após o tratamento da doença. Na prática, ela consiste em três etapas:
- estimulação ovariana, necessária para que se desenvolvam vários ovócitos em um mesmo ciclo menstrual, nos casos de cancer de mama receptor positivo com protocolos especificos usando medicação anti-estrogenica;
- punção folicular, que consiste na captação dos ovócitos dentro dos folículos ovarianos;
- vitrificação, sob baixíssimas temperaturas, e armazenamento em um container com nitrogênio líquido.
Feito isso, no futuro, eles poderão ser descongelados e fertilizados com o sêmen do parceiro ou de um doador. Depois, os embriões resultantes são transferidos, diretamente, para a cavidade uterina.
Entenda melhor no vídeo com a Dra. Ana Lúcia Zarth, ginecologista da Fecondare:
Quem tem os genes do câncer de mama deve, ou não, ter filhos?
Agora que você já entendeu a relação entre câncer de mama e fertilidade feminina, vamos falar do caso das portadoras dos genes BRCA (1 e 2). Tratam-se de mulheres que, após realizar uma avaliação genética preventiva, descobriram que têm as referidas mutações. Essas, por sua vez, são associadas ao risco aumentado para o desenvolvimento da doença (bem como do câncer de ovário).
A dúvida em relação a ter, ou não, filhos biológicos ocorre porque há 50% de chances da sua portadora transmiti-lo para as filhas. Consequentemente, elas terão um maior risco de desenvolver esses tipos de neoplasias ao longo da vida.
Mas, será que algo tão específico deve influenciar as decisões reprodutivas dessas mulheres? Isso fica ao critério de cada uma.
Existem aquelas que, após descobrirem que eram portadoras dos referidos genes, decidiram ter filhos mais cedo. Assim, poderiam se submeter à cirurgia preventiva (retirada das mamas e/ou dos ovários),visando evitar um possível câncer, sem a preocupação de preservar sua capacidade reprodutiva. Ao mesmo tempo, elas acreditam que, na época em que suas futuras filhas poderiam estar em risco de desenvolver a doença, a oncologia já teria evoluído o suficiente para que ela não fosse mais uma preocupação.
Por outro lado, há aquelas que optam por não gerar filhos. Geralmente, são mulheres influenciadas por suas experiências pessoais, relacionadas às lembranças de uma parente próxima que teve a doença.
Seja como for, a lição que fica é que, sempre que um médico recomendar a avaliação genética, deve ter cuidado. Afinal, é importante fornecer orientações a respeito das possíveis descobertas e seu impacto sobre a vida das pacientes. Assim, o especialista precisa levar em conta a história pessoal de cada uma e a sua maneira de enxergar a doença. Ao mesmo tempo, deve ser capaz de oferecer o cuidado individualizado que ela necessita e merece.
Onde encontrar especialistas em oncofertilidade feminina em Florianópolis?
Na clínica Fecondare, é claro! Aqui, reunimos um time multidisciplinar de especialistas em oncofertilidade, tanto feminina como masculina. Tratam-se de profissionais das áreas de ginecologia, andrologia, embriologia e psicologia, altamente capacitados, experientes e aptos a ajudar pacientes oncológicas(os) a cuidar da fertilidade.
Saiba mais em: A oncofertilidade ajuda pacientes com câncer a terem filhos
Vale destacar que cerca de 50% dessas(es) pacientes têm risco de perder sua capacidade reprodutiva após o tratamento com quimioterápicos ou outras terapêuticas. Nesses casos, como mostrado, o principal aliado para contornar o problema é sempre a criopreservação.
Esperamos que o artigo tenha sido esclarecedor. Para saber mais sobre o câncer de mama, acompanhe as ações do Outubro Rosa e não deixe de consultar seu ginecologista periodicamente. E, se estiver em Florianópolis e precisar de ajuda com questões reprodutivas, conte com o apoio dos nossos experts!
Ficou com alguma dúvida? Sem problemas: entre em contato para que possamos ajudar!