Publicado em 22/09/2020 - Atualizado 30/11/2020

Mulheres com problemas nas trompas podem engravidar?

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Mulheres com problemas nas trompas de falópio, também conhecidas como tubas uterinas, costumam viver um impasse: será possível engravidar mesmo que esses dutos não possam cumprir sua função? A resposta, para muitas pacientes, é sim — mesmo quando há diagnóstico de infertilidade. Mas para isso, é preciso buscar ajuda especializada, investigar as causas do distúrbio e iniciar o tratamento.

Neste artigo, abordamos essa questão. Continue a leitura para saber tudo o que pode ajudar!

Qual é o papel das trompas no organismo feminino?

As trompas de falópio são parte essencial da fertilidade da mulher. Nelas, o óvulo se encontra com o espermatozoide, a fecundação acontece e o embrião se forma. Somente depois ele é conduzido para o útero.

Essa é a principal função das tubas uterinas. Porém, ela não pode ser desempenhada se estiverem obstruídas ou sofrendo as sequelas de alguma outra condição que impeça a aproximação dos gametas.

Sintomas decorrentes de problemas nas trompas

A maioria dos casos de problemas nas trompas é assintomática. Trata-se de um distúrbio silencioso que, muitas vezes, só é descoberto em estágios avançados — o que, inclusive, prejudica o alcance dos tratamentos.

Nos raros casos que apresentam sinais, eles não são decorrentes do distúrbio em si, mas das inflamações que geram os problemas. Assim, o sintoma mais evidente é a dificuldade para conseguir engravidar.

O que pode causar a obstrução das trompas?

Os casos de infertilidade relacionados à problemas nas trompas estão relacionadas a doenças sexualmente transmissíveis (DSTs),endometriose, gravidez ectópica anterior e maus hábitos de vida. Outras causas menos comuns são:

  • uso do dispositivo intrauterino (DIU);
  • cirurgias na região pélvica ou no abdômen inferior (que deixaram faixas de tecido cicatricial no útero, as chamadas de adesões);
  • ocorrência de ruptura no apêndice;
  • existência de miomas ou pólipos no útero;
  • deficiências congênitas do útero.

Doenças sexualmente transmissíveis

As DSTs que mais afetam as trompas são as que causam infecções por gonococo e clamídia. Elas podem obstruir as tubas e provocar alterações funcionais, que desencadeiam o quadro de infertilidade.

Muitas vezes, o problema só é descoberto no momento em que a mulher tenta engravidar e não consegue. É por isso que se proteger das DSTs é uma das principais formas de prevenir a infertilidade.

Endometriose

Outro fator que gera problemas nas trompas é a endometriose. A doença surge quando as células do endométrio, que deveriam ser eliminadas pela menstruação, migram para as tubas uterinas e outros órgãos, provocando um processo inflamatório.

Em alguns casos, a única forma de tratar a endometriose é por meio de cirurgia. O médico que for realizá-la, entretanto, precisa efetuá-la de maneira que a fertilidade não seja comprometida.

Gravidez ectópica

A endometriose também favorece a ocorrência da gravidez ectópica (que é quando a gestação ocorre nas trompas e não no útero). Essa condição causa danos às trompas e propicia o surgimento da infertilidade.

Via de regra, a gravidez ectópica está mais ligada a fatores genéticos e hereditários. Porém, também pode ser influenciada por doenças inflamatórias pélvicas, pela realização de cirurgias abdominais (de apêndice, cesariana ou religamento das trompas),gravidez ectópica anterior e maus hábitos, especialmente o tabagismo.

Tabagismo

O tabagismo é muito prejudicial para a fertilidade, pois afeta, por exemplo, a função fisiológica das trompas. Sem que as tubas uterinas estejam saudáveis, dificilmente a gravidez irá ocorrer.

Acredite: não se trata de exagero. Estudos mostram que o cigarro interfere, e muito, nas atividades das trompas. As substâncias contidas nele provocam irregularidades menstruais, alterações hormonais e, consequentemente, dificuldade de implantação do óvulo.

Quais são as alternativas para tratar a infertilidade?

Para definir o tratamento mais adequado, é preciso confirmar a suspeita obstrução nas tubas uterinas. O diagnóstico pode ser feito por meio de exame de sangue (para checar se há anticorpos contra a clamídia), radiografia com contraste ou através da visualização da área com o uso de um laparoscópio.

Em alguns casos, a permeabilidade das trompas pode ser tratada cirurgicamente. Porém, a fertilização in vitro é considerada a melhor forma de mulheres que têm dificuldades para engravidar, principalmente por problemas nas trompas, conseguirem gerar um filho. A seguir, conheça os detalhes de cada alternativa.

Cirurgias

As cirurgias são indicadas nos casos em que os problemas nas trompas as tornam completamente obstruídas, como por causa de uma infecção ou ocorrência de gravidez ectópica. Assim, o tecido anômalo é removido no momento do diagnóstico (por histeroscopia ou laparoscopia).

O procedimento pode ser realizado com um corte na região pélvica, a exemplo do que acontece na cesariana, ou por meio de uma incisão logo abaixo do umbigo. O objetivo é retirar o que está impossibilitando a passagem do óvulo ou o encontro com o espermatozoide.

Geralmente, os médicos orientam as pacientes a iniciar as tentativas de engravidar após a recuperação. No entanto, esse período pode durar 30 dias ou levar até um ano, dependendo das condições de saúde da mulher e outros fatores associados.

No entanto, a concepção não é garantida. Ainda que a cirurgia seja uma tentativa de permitir que a gestação aconteça de forma natural, as chances disso ocorrer são muito pequenas. Em contrapartida, o risco de haver uma gravidez ectópica é alto.

Fertilização in vitro

Nem sempre é possível reverter os problemas nas trompas ou restaurar a fertilidade, apesar da realização de um tratamento com esse propósito. Quando esse for o caso, uma alternativa é tentar engravidar por intermédio da fertilização in vitro (FIV).

A FIV é uma técnica de reprodução humana assistida de alta complexidade. Para realizá-la, é preciso fazer alguns exames para detectar DSTs e doenças infecciosas no homem e na mulher. Além disso, deve-se verificar as dosagens hormonais e a quantidade e qualidade de espermatozoides existentes no sêmen.

O próximo passo é coletar os gametas e prepará-los para a fertilização. Assim, os óvulos e os espermatozoides são colocados, pelo embriologista, em um ambiente que simula as condições das trompas.

A partir de então, são deixados em uma incubadora por cerca de cinco dias para que a fecundação ocorra e o processo resulte na formação de pré-embriões, que serão implantados no útero da mulher. Depois disso, é preciso aguardar cerca de 10 dias para realizar o exame de sangue que confirma a gravidez.

Outros tipos de tratamentos

Os médicos indicam, no máximo, três tentativas de FIVs por casal. Pode ser que nenhuma delas resulte em gravidez e que seja necessário recorrer a outras técnicas de reprodução assistida para promover a gestação.

Um especialista saberá informar quais são as possibilidades em cada caso. Mas nessa hora, encontrar um profissional de confiança é essencial para que a mulher não desista de se tornar mãe.

Como mostrado, mulheres com problemas nas trompas têm, sim, chances de engravidar. Mas para isso é preciso entender a origem do distúrbio, analisar as condições clínicas da paciente e realizar o tratamento adequado. Além disso, não custa reforçar, deve-se adotar um estilo de vida saudável, priorizando boas escolhas no dia a dia!

Gostou do artigo? Caso tenha alguma dúvida sobre o assunto, entre em contato. Nossos especialistas estão sempre a postos para ajudá-la!

 

 

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Publicado por: Dra. Ana Lúcia Bertini Zarth - Ginecologista - CRM-SC 8534 e RQE 10334
Formada na Faculdade de Medicina da PUC – RS em 1993, Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia, Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia, pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) em 1997.

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