Na maioria das vezes, os miomas uterinos não interferem na fertilidade. Porém, alguns tipos podem, sim, dificultar a concepção ou levar a abortamentos, devido a alterações na cavidade endometrial (local onde o embrião se fixa). Outras vezes, provocam complicações na gestação (como o parto prematuro),em decorrência do crescimento exagerado do tumor.
Neste artigo, mostramos quando o mioma uterino provoca infertilidade e quando é recomendado fazer sua ressecção. Confira!
O que são miomas uterinos?
Miomas uterinos, também chamados de leiomiomas ou fibromas, são tumores, em sua maioria, benignos, mas que, em certos casos, podem levar à infertilidade. Formados por tecidos musculares e fibrosos, eles podem ser microscópicos ou muito grandes (chegando ao tamanho de uma bola de basquete).
Aliás, ao longo da idade reprodutiva, após ficarem longos períodos do mesmo tamanho, é comum os miomas crescerem — bastante e em pouco tempo. Já na menopausa o processo é inverso, sendo esperado que diminuam de tamanho, por conta das quedas nos níveis de estrogênio e progesterona.
Sintomas e prevalência
Muitas vezes, os miomas uterinos não geram sintomas, podendo passar longos períodos sem serem diagnosticados. Nesses casos, costumam ser achados incidentalmente, em meio a exames de rotina.
Quando sintomáticos (cerca de um terço dos casos),podem provocar aumento do fluxo e da duração da menstruação. Outros sintomas possíveis são ciclos menstruais irregulares, cólicas intensas, massas pélvicas, dores pélvicas e abdominais, distúrbios urinários e, logicamente, infertilidade.
Já no que diz respeito à prevalência, os miomas uterinos são mais incidentes em pacientes que:
- estão acima do peso;
- são negras;
- tiveram menarca precoce;
- ainda não tiveram filhos;
- consomem cafeína e álcool em excesso;
- têm uma dieta rica em carne vermelha; entre outros fatores.
Tipos de miomas
Existem diferentes tipos de miomas. Eles são classificados com base no seu posicionamento na parede uterina, podendo ser:
- subserosos (os mais comuns),presentes na parede externa do útero, com possibilidade de crescimento para fora do órgão;
- submucosos, localizados nas paredes internas do útero, com crescimento direcionado para dentro da cavidade uterina;
- intramurais, também localizados nas paredes internas do útero, muitas vezes, crescendo a ponto de deixá-lo aumentado;
- pediculados, ligados ao útero por meio de um tecido (pedículo),lembrando a forma de verrugas, com crescimento direcionado para dentro;
- intracavitários, também situados dentro da cavidade uterina.
Vale destacar que não é possível prevenir o aparecimento de miomas uterinos. Por isso, a única forma de evitar complicações é com o acompanhamento ginecológico periódico. Em relação ao tratamento, ele é necessário apenas quando o mioma causa algum problema de saúde.
Miomas uterinos prejudicam a fertilidade?
Depende. Para elucidar a questão, Dr. Jean Maillard, ginecologista da Clínica Fecondare, cita um estudo publicado na Fertility and Sterility. O trabalho considerou as taxas de gestação clínicas, de abortos espontâneos, de implantação e de prematuridade, assim como o número de nascidos vivos, em mulheres com e sem miomas, e concluiu que:
- miomas submucosos (localizados dentro da cavidade endometrial, alterando sua receptividade) afetam diretamente a fertilidade, assim como diminuem as taxas de implantação em tratamentos de reprodução assistida, devendo ser tratados por meio da miomectomia (cirurgia minimamente invasiva para retirada do tumor);
- miomas subserosos, por outro lado, não impactam a fertilidade, tampouco a cirurgia para removê-los traz quaisquer benefícios do ponto de vista reprodutivo;
- miomas intramurais parecem ter uma relação com a diminuição da fertilidade, principalmente se tiverem um diâmetro maior que 2,8 cm, mas o resultado da miomectomia é considerado incerto, sendo necessários mais estudos.
Por que os miomas submucosos afetam a fertilidade?
O que faz com que os miomas submucosos provoquem infertilidade, geralmente, é o bloqueio nas trompas de Falópio ou a distorção da cavidade endometrial. Isso porque, em ambos os casos, dificulta-se a aderência do embrião. Já quando há o crescimento exagerado do tumor, existe risco de parto prematuro.
Mas a investigação da infertilidade não deve parar por aí. É preciso verificar se não existem outros fatores ligados ao problema, pois os tumores podem ser um contribuinte, mas não, necessariamente, o principal agente causal.
Assim, o impacto dos miomas uterinos sobre a fertilidade varia de acordo com o tipo de mioma (tamanho, localização e quantidade). Se prejudiciais, recomenda-se a remoção profilática. As demais opções terapêuticas (tratamento medicamentoso ou embolização das artérias uterinas) não são a melhor indicação para quem deseja engravidar.
Esperamos que o conteúdo tenha ajudado. Caso queira tirar outras dúvidas, entre em contato! Nossos especialistas estão à disposição!