Publicado em 18/07/2021

Tudo sobre a menopausa precoce

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Muitas pessoas já ouviram falar em menopausa precoce, mas poucos realmente sabem sobre ela. Na verdade, o termo mais adequado é insuficiência ovariana (ou falência ovariana precoce),por ser mais fiel à realidade, isto é, remeter à ideia de um ovário que trabalha menos do que deveria.

Estima-se que até um terço das mulheres com menos de 40 anos de idade tenham os seus ovários, em determinados momentos, trabalhando menos do que poderiam e, consequentemente, podem ficar inférteis.

Neste artigo, mostramos tudo sobre essa condição, incluindo o diagnóstico e tratamento. Continue a leitura e esclareça suas dúvidas!

Quais são os sintomas da menopausa precoce?

Um dos sintomas que mais leva os especialistas suspeitarem de insuficiência ovariana é a irregularidade menstrual. Ela se caracteriza por um período considerável (pelo menos, três meses) sem menstruar regularmente (em relação à duração, frequência e quantidade de fluxo) — o que, por si só, pode ter diversas causas (como a anovulação, por exemplo).

Outra pista importante é a ocorrência de uma mudança no padrão menstrual. Ou seja, a mulher pode ter tido, desde a puberdade, um ciclo normal, mas que acaba se tornando irregular com o tempo. Tudo isso associado à dificuldade para engravidar.

Ela pode, ainda, sentir as ondas de calor características da menopausa. Além disso, pode ter dificuldade para dormir e até desenvolver uma atrofia genital (devido ao afinamento da pele da vagina e a diminuição da lubrificação),o que provoca dor durante as relações sexuais.

Como é o diagnóstico dessa condição?

Além dos sintomas clínicos, existem as alterações hormonais. A insuficiência ovariana associa-se à deficiência de estrogênio (hormônio sexual feminino) e ao aumento persistente do hormônio foliculoestimulante (FSH) e luteinizante (LH), os quais são responsáveis por estimular a ovulação.

O FSH e o LH aumentam porque a hipófise (glândula localizada na base do cérebro) insiste em estimular um ovário que não responde, ou seja, que não ovula. Caso contrário, esses hormônios diminuiriam em quantidade e só voltariam a aumentar no ciclo seguinte, para nova ovulação.

Por isso, o diagnóstico da insuficiência ovariana é feito com exames de sangue, para verificar algumas concentrações hormonais, e complementares (ultrassonografia transvaginal),para identificar a causa. Se necessário, solicita-se também uma análise cromossômica.

Quais são as causas da insuficiência ovariana?

Quem tem insuficiência ovariana já nasce com menos folículos ovarianos, ou, por diversas razões, os elimina mais rápido que o esperado. Estudos mostram que a menopausa precoce afeta:

  • 0,1% das mulheres antes dos 30 anos de idade;
  • 0,25% antes dos 35 anos;
  • 1% antes dos 40 anos.

É difícil precisar sua origem. A insuficiência ovariana pode advir de causas:

  • genéticas (anomalias nos cromossomos sexuais);
  • tóxicas (quimioterapia e radioterapia);
  • autoimunes (quando o corpo produz células de defesa contra ele mesmo);
  • infecciosas (ocorrência de infecções virais, como a caxumba);
  • associadas aos hábitos de vida (tabagismo e contato frequente com pesticidas).

Além de serem, em sua maioria, inférteis, mulheres com insuficiência ovariana estão mais propensas a desenvolver osteoporose e doenças cardiovasculares. Portanto, essa condição precisa ser muito bem investigada. Uma vez que haja suspeita, é necessário procurar ajuda médica especializada.

Como tratar a menopausa precoce?

A menopausa precoce costuma ser tratada por meio da terapia com estrogênio. A reposição desse hormônio é muito importante, pois, quando o ovário deixa de produzi-lo, pode-se ter os agravantes já mencionados. A reposição de estrogênio pode ser oral (pílula) ou tópica (adesivo na pele).

Muitas vezes, é preciso associar algum tipo de progesterona (o outro hormônio sexual feminino) ao tratamento. Isso é feito para prevenir a hiperplasia do endométrio, uma condição que poderia levar ao câncer devido à terapia com o estrogênio feita isoladamente.

Após o tratamento, a reserva ovariana aumenta?

Não. Antes mesmo de nascer, a mulher já tem uma quantidade de óvulos limitada. Ao longo da vida, os folículos primordiais (células que dão origem aos óvulos),armazenados nos ovários, diminuem gradativamente.

Apenas uma parte desses folículos se torna óvulos maduros. A cada ciclo menstrual, para cada óvulo que atinge a maturidade, cerca de mil são descartados. Por isso, a idade mais fértil da mulher é entre os 20 e 29 anos.

A partir dos 30 anos de idade, a reserva ovariana começa a cair acentuadamente. Após os 35 anos, a quantidade de óvulos já se encontra bem reduzida. Além disso, a qualidade também diminui, comprometendo o potencial reprodutivo.

Para quem deseja ser mãe após essa idade, existem os tratamentos de reprodução assistida. Graças a eles, a gravidez tardia é, cada vez mais, segura — tanto para a mãe como para o bebê.

Quem teve insuficiência ovariana pode engravidar?

Sim. É necessário manter o uterino funcionante com reposição hormonal, e partir para fertilização in vitro (FIV), com óvulos doados, que pela ultima resolução do C.F.M., pode ser de algum parente até quarto grau, ou anônimo se não houver parentesco.

Na FIV, a fecundação (ou seja, o encontro do óvulo com o espermatozoide) ocorre no laboratório e o embrião resultante é levado ao útero. O procedimento pode ser feito com um óvulo doado — já que a paciente com insuficiência ovariana não pode mais gerá-los. Nesse caso, as chances de engravidar podem chegar até 50%.

Por que é importante buscar um bom especialista?

Para muitas mulheres, receber o diagnóstico de insuficiência ovariana é difícil, pois acarreta impedimentos imprevistos, receios e frustrações. Sendo assim, o aconselhamento especializado é essencial a fim de prover o apoio e conhecimento que a paciente e seu parceiro/a precisam. A mulher com menopausa precoce precisa saber que não está sozinha e que tem opções para viver de forma saudável, plena e feliz.

Caso tenha restado alguma dúvida, entre em contato. A equipe da Fecondare está sempre pronta para atendê-la!

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Publicado por: Dr. Marcelo Costa Ferreira - Ginecologista - CRM/SC 7223 e RQE 2935
Formado em Medicina pela FURB, Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia, Especialização em Reprodução Humana no Centro de Referência da  Saúde da Mulher em São Paulo e Especialização em Reprodução Assistida

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