Muitas pessoas já ouviram falar em menopausa precoce, mas poucas realmente entendem sobre ela. Na verdade, o termo mais adequado é insuficiência ovariana (ou falência ovariana precoce),por remeter à ideia de um ovário que trabalha menos do que deveria.
Estima-se que até 30 milhões de mulheres brasileiras vivam com a menopausa precoce, segundo o Ministério da Saúde. Isto é, sem funções ovarianas adequadas antes dos 40 anos de idade. Assim, podem ficar inférteis.
Neste artigo, mostramos tudo sobre essa condição, incluindo o diagnóstico e tratamento. Continue a leitura e esclareça suas dúvidas!
Quais são os sintomas da menopausa precoce?
Um dos sintomas que mais leva os especialistas a suspeitarem de insuficiência ovariana é a irregularidade menstrual. Ela se caracteriza por um período considerável (pelo menos, três meses) sem menstruar regularmente (em relação à duração, frequência e quantidade de fluxo) — o que, por si só, pode ter diversas causas (como a anovulação, por exemplo).
Outra pista importante é a ocorrência de uma mudança no padrão menstrual. Ou seja, a mulher pode ter tido, desde a puberdade, um ciclo normal, mas que acaba se tornando irregular com o tempo. Tudo isso associado à dificuldade para engravidar.
Ela pode, ainda, sentir as ondas de calor características da menopausa. Além disso, ter dificuldade para dormir e até desenvolver uma atrofia genital (devido ao afinamento da pele da vagina e à diminuição da lubrificação),o que provoca dor durante as relações sexuais.

Como é o diagnóstico dessa condição?
Além dos sintomas clínicos, existem as alterações hormonais. A insuficiência ovariana associa-se à deficiência de estrogênio (hormônio sexual feminino) e ao aumento persistente do hormônio foliculoestimulante (FSH) e luteinizante (LH),os quais são responsáveis por estimular a ovulação.
O FSH e o LH aumentam porque a hipófise (glândula localizada na base do cérebro) insiste em estimular um ovário que não responde, ou seja, que não ovula. Caso contrário, esses hormônios diminuiriam em quantidade e só voltariam a aumentar no ciclo seguinte, para uma nova ovulação.
Por isso, o diagnóstico da insuficiência ovariana é feito com exames de sangue, a fim de verificar algumas concentrações hormonais, além de testes complementares (ultrassonografia transvaginal),com o objetivo de identificar a causa. Quando necessário, solicita-se também uma análise cromossômica, através do cariotipo.
Quais são as causas da menopausa precoce?
Quem tem insuficiência ovariana já nasce com menos folículos ovarianos, ou, por diversas razões, os elimina mais rápido que o esperado. Estudos mostram que a menopausa precoce afeta:
- 0,1% das mulheres antes dos 30 anos de idade;
- 0,25% antes dos 35 anos;
- 1% antes dos 40 anos.
É difícil precisar a origem do problema. No entanto, a insuficiência ovariana pode advir de fatores genéticos (anomalias nos cromossomos sexuais); tóxicos (quimioterapia e radioterapia); autoimunes (quando o corpo produz células de defesa contra ele mesmo); infecciosas (ocorrência de infecções virais, como a caxumba); e associadas aos hábitos de vida (tabagismo e contato frequente com pesticidas).
Além de serem, em sua maioria, inférteis, mulheres com insuficiência ovariana estão mais propensas a desenvolver osteoporose e doenças cardiovasculares. Portanto, essa condição precisa ser muito bem investigada. Uma vez que haja suspeita, é necessário procurar ajuda médica especializada.
Como tratar a menopausa precoce?
A menopausa precoce costuma ser tratada por meio da terapia com estrogênio. A reposição desse hormônio é muito importante, pois, quando o ovário deixa de produzi-lo, pode-se ter os agravantes já mencionados. O tratamento costuma ser oral (pílula) ou tópico (adesivo na pele).
Muitas vezes, é preciso associar algum tipo de progesterona (o outro hormônio sexual feminino) à reposição. Isso é feito para prevenir a hiperplasia do endométrio, uma condição que poderia levar ao câncer devido à terapia com o estrogênio feita isoladamente.
Após o tratamento, a reserva ovariana aumenta?
Não. Antes mesmo de nascer, a mulher já tem uma quantidade de óvulos limitada. Ao longo da vida, os folículos primordiais (células que dão origem aos óvulos),armazenados nos ovários, diminuem gradativamente.
Apenas uma parte desses folículos se torna óvulos maduros. A cada ciclo menstrual, para cada óvulo que atinge a maturidade, cerca de mil são descartados. Por isso, a idade mais fértil da mulher é entre os 20 e 29 anos.
A partir dos 30 anos de idade, a reserva ovariana começa a cair acentuadamente. Após os 35 anos, a quantidade de óvulos já se encontra bem reduzida. Além disso, a qualidade também diminui, comprometendo o potencial reprodutivo.
Para quem deseja ser mãe após essa idade, existem os tratamentos de reprodução assistida. Graças a eles, a gravidez tardia é cada vez mais segura — tanto para a mãe como para o bebê.
Quem teve insuficiência ovariana pode engravidar?
Mulheres que sofrem com a menopausa precoce podem engravidar quando investem em métodos de reprodução assistida. Veja quais são eles abaixo.
1. Fertilização in vitro (FIV) com óvulos doados
É o tratamento mais comum em casos de menopausa precoce. Como os ovários não estão funcionando adequadamente, utiliza-se óvulos de uma doadora jovem e saudável (até quarto grau de parentesco ou de doação anônima),fertilizados com o sêmen do parceiro (ou doador) em laboratório.
Em seguida, o embrião é transferido para o útero da paciente. Assim, a fertilização in vitro permite à mulher vivenciar a gestação e o parto.
2. Óvulos próprios congelados anteriormente à menopausa precoce
Mulheres que realizaram congelamento de óvulos antes do diagnóstico de insuficiência ovariana podem utilizá-los em um tratamento de fertilização in vitro.
Por isso, o congelamento de gametas femininos é uma alternativa cada vez mais indicada para mulheres que desejam preservar a fertilidade, principalmente quando há histórico familiar de menopausa precoce ou necessidade de tratamento oncológico.
3. Útero de substituição (barriga solidária)
Em casos raros, quando há contraindicação médica para a gestação, pode-se recorrer à cessão temporária do útero de uma familiar ou pessoa próxima, em acordo com as normas do Conselho Federal de Medicina (CFM).
Busque um especialista ao notar os sinais da menopausa precoce
Para muitas mulheres, receber o diagnóstico de insuficiência ovariana é difícil, pois acarreta impedimentos imprevistos, receios e frustrações. Sendo assim, o aconselhamento especializado é essencial, a fim de ter o apoio e conhecimento que a paciente e seu parceiro/a precisam.
A mulher com menopausa precoce precisa saber que não está sozinha e que tem opções para viver de forma saudável, plena e feliz.
A equipe da Fecondare está à disposição para solucionar qualquer dúvida e auxiliar nos processos de diagnóstico e tratamento. Entre em contato para conversar com nossos especialistas.
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