Uma das perguntas mais comuns entre as pacientes que têm o desejo e/ou a necessidade de congelar os óvulos é se a técnica pode comprometer suas reservas ovarianas. Felizmente, o congelamento de óvulos não afeta a quantidade, nem a qualidade, dos gametas femininos. Por isso, as mulheres que se submetem ao procedimento não precisam se preocupar se, por acaso, decidirem antecipar os planos de engravidar. Seu “estoque” será o mesmo.
Neste artigo, a Dra. Ana Lúcia Bertini Zarth, ginecologista especialista em reprodução humana da Fecondare, em Florianópolis, explica as principais perguntas sobre o congelamento de óvulos. Continue a leitura e esclareça suas dúvidas!
O que é a criopreservação de gametas?
A criopreservação (ou congelamento) de gametas é uma técnica de reprodução assistida que permite preservar a quantidade e a qualidade das células reprodutivas masculinas (espermatozoides) e femininas (óvulos). Ela é indicada para pacientes que necessitam prolongar sua fertilidade, seja por questões de saúde ou por outros fatores.
Ao congelar os gametas, suas atividades biológicas são interrompidas. Dessa maneira, os pacientes podem “pausar” a idade fértil.
Assista e entenda: a importância da criopreservação para preservar a fertilidade.
No caso da criopreservação de óvulos, especificamente, o processo é realizado em etapas. São elas:
- estimulação ovariana, feita com o uso de medicamentos indutores de ovulação, o que leva de 10 a 12 dias;
- punção folicular, realizada para coletar os ovócitos dentro dos folículos ovarianos, o que demora de 15 a 30 minutos;
- vitrificação, congelamento instantâneo feito logo após a análise dos ovócitos extraídos;
- armazenamento dos óvulos, realizado em pequenos containers de nitrogênio líquido.
Um ponto que precisa ficar bem explicado é o porquê do uso dos indutores de ovulação. Esses medicamentos hormonais são necessários para que a mulher produza mais de um óvulo por ciclo. A seguir, confira a explicação da nossa ginecologista!
Congelar os óvulos diminui a reserva ovariana?
“Não, congelar os óvulos não diminui a reserva ovariana. A redução no número de óvulos tem início antes mesmo do nascimento da mulher, quando ainda está dentro da barriga da mãe.
Depois da primeira menstruação, perde-se, em média, mil óvulos por mês. Ou seja, a cada ciclo menstrual, apenas um óvulo é selecionado para ovular e cerca de outros mil são descartados.
Quando se faz um tratamento de estimulação ovariana, com o objetivo de gerar mais do que um óvulo por ciclo, estimulam-se, exatamente, os óvulos que seriam perdidos. Assim, o estoque ovariano não é afetado.
Vale ressaltar, também, que não existe nenhuma maneira de ‘segurar’ os óvulos descartados dentro da paciente. Nem mesmo o uso de medicamentos anticoncepcionais pode deter a perda de mil óvulos por mês, pois mesmo que a paciente não ovule, ela continua perdendo óvulos. Essa perda se dá, até mesmo, durante a gravidez”, ressalta Dra. Ana Lúcia.
Para entender melhor, assista ao vídeo com a ginecologista.
Quais são os possíveis efeitos colaterais do congelamento?
Em uma pequena parcela das pacientes (de 3 a 6%),o uso dos medicamentos indutores de ovulação pode levar à síndrome da hiperestimulação ovariana. Entre os sintomas dessa condição, destacam-se:
- inchaço no abdômen, nos tornozelos e nas mãos;
- náuseas e vômitos;
- fraqueza, cansaço excessivo e mal-estar;
- dificuldade para respirar;
- dores de cabeça e maior irritabilidade;
- aumento da sensibilidade mamária e
- ganho de peso em pouco tempo.
Em um percentual ainda menor (de 0,1 a menos que 2%),os indutores provocam efeitos colaterais graves, que precisam ser tratados. São eles:
- aumento do tamanho dos ovários;
- formação de coágulos sanguíneos;
- dor intensa no abdômen; entre outros.
No entanto, sabe-se que alguns perfis têm mais chances de desenvolver problemas com os medicamentos indutores. É o caso, por exemplo, de mulheres com ovários policísticos, com contagem elevada de folículos e com nível de hormônio anti-mulleriano alto. Nesses casos, o tratamento deve ser o mais individualizado possível, para reduzir o risco de efeitos colaterais ao máximo.
Por que é tão importante fazer a avaliação da reserva ovariana?
A avaliação da reserva ovariana é importante por se tratar de uma perda contínua e irreparável. Para isso, existem diversos exames:
- contagem de folículos antrais, realizada por meio de uma ultrassonografia transvaginal;
- exames hormonais, como as dosagens de hormônio folículo estimulante (FSH),estradiol, inibina-B, hormônio luteinizante (LH),prolactina e do hormônio anti-mulleriano (AMH).
Assim, a partir da análise da reserva ovariana, pode-se fazer um planejamento gestacional mais consciente. Congelar os óvulos ou mesmo os embriões se torna uma boa opção no caso de quem deseja adiar a maternidade para um momento mais oportuno, pois garante que haverá células reprodutivas em quantidade e qualidade suficientes para viabilizarem um tratamento de reprodução assistida.
Esperamos ter sanado sua dúvida! Para se inteirar ainda mais no universo da medicina reprodutiva, siga a Fecondare no Facebook e Instagram!