Nos últimos anos, tem-se observado uma mudança significativa nos padrões de maternidade, no qual as mulheres estão optando por adiar a gravidez. Nesse contexto, muitas se perguntam se é possível engravidar aos 50 anos. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) mostram que, entre 2010 e 2020, a quantidade de mulheres que deram à luz após os 50 anos cresceu 55%.
Acontece que o adiamento da maternidade é uma tendência incontestável. Afinal, muitas mulheres com esse desejo planejam engravidar por volta dos 40 anos — prova disso é o aumento no número de partos nesta faixa etária, que cresceu 33% em uma década (entre 2009 e 2019).
Outras adiam ainda mais esse sonho. No entanto, mesmo que com o suporte oferecido pela medicina reprodutiva a possibilidade de engravidar aos 50 anos seja real, as chances são pequenas e os riscos bem maiores do que para as grávidas mais jovens.
Neste artigo, o Dr. Ricardo Nascimento, ginecologista da Fecondare, explica porque a gravidez aos 50 anos é considerada de alto risco e qual é o papel da medicina reprodutiva nesse processo. Continue a leitura e entenda porque essa decisão precisa ser muito bem pensada.
Quais são as chances de engravidar aos 50 anos?
Aos 50 anos, as chances de ocorrer uma gravidez espontânea são raríssimas. Em alguns casos, porém, a medicina reprodutiva pode ajudar — mas ainda assim, as taxas de sucesso são baixas.
“A maioria das pacientes que vem à clínica tem por volta de 40 anos, mas também existem as que nos procuram após os 50”, conta o Dr. Ricardo. Nessa idade, as mulheres necessitam de tratamentos específicos para conseguir engravidar.
“Mas é importante lembrar que, para se submeterem a uma técnica de reprodução assistida, elas devem ser, fundamentalmente, saudáveis”, continua. Assim, o primeiro passo é passar por uma avaliação com uma equipe multidisciplinar. Só então é possível saber se existe, ou não, indicação para tratamento.
Quais são os riscos relacionados à gravidez após os 50 anos?
Existem inúmeros riscos associados à gravidez acima dos 50 anos, tanto para a mãe quanto para o bebê. Os principais associados a essa idade incluem:
- hipertensão arterial;
- diabetes gestacional;
- aborto espontâneo;
- parto prematuro e
- algumas cromossomopatias (como a síndrome de Down).
“Para fazer um processo de reprodução assistida nessa idade, a mulher precisa ter o aval de seus médicos. Eles têm que atestar que ela possui uma saúde perfeita, principalmente, em relação à parte obstétrica”, afirma o especialista.
Caso consiga fazer o tratamento e engravidar, a paciente deve ser encaminhada para um pré-natal de alto risco. “Isso é essencial para que ela possa ter uma gravidez saudável e para que seu filho também nasça com saúde”, completa.
Segundo o Ministério da Saúde, é fundamental que a equipe de saúde esteja capacitada para lidar com todos os elementos que possam impactar negativamente a gestação, o que inclui:
- aspectos clínicos;
- obstétricos;
- socioeconômicos;
- emocionais.
- Existe uma idade-limite para fazer um tratamento de reprodução assistida?
Sim. De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), as técnicas de reprodução assistida podem ser realizadas, somente, até os 50 anos. Isso, contanto que exista real possibilidade de sucesso e baixa probabilidade de riscos graves, tanto para a candidata ao procedimento como para seu(s) futuro(s) bebê(s).
Exceções, por sua vez, precisam ser baseadas em critérios técnicos e científicos, fundamentados pela equipe responsável. Se consideradas plausíveis e se houver consentimento do paciente para com todos os riscos envolvidos, pode-se indicar o tratamento acima desse limite.
Quais são os tratamentos para quem já passou da idade “ideal” para engravidar?
Quando se deseja engravidar naturalmente, a idade “ideal” é dos 25 aos 32 anos. Porém, até os 35 anos a maioria das mulheres consegue engravidar sem problemas. A partir daí, a capacidade reprodutiva feminina diminui gradativamente, com o declínio acentuado da reserva ovariana.
Na faixa dos 50 anos, a probabilidade de existirem óvulos capazes de serem fecundados naturalmente é quase nula. Assista ao vídeo em que Dr. Ricardo falou mais sobre o assunto:
A boa notícia é que, com os avanços na área da medicina reprodutiva, pode-se viabilizar uma gestação saudável até essa idade. Isso, no caso das mulheres que fizeram o congelamento de óvulos (preferencialmente, antes dos 35 anos).
Um estudo elaborado pela American Society of Reproductive Medicine (ASRM),junto à Society for Assisted Reproductive Technology (SART),mostrou que em mulheres mais velhas, com histórico de subfertilidade ou infertilidade, a taxa de implantação a partir de óvulos congelados fica entre 17% e 41%.
Para quem não possui óvulos em quantidade ou qualidade suficientes e não optou pela criopreservação, pode-se avaliar a possibilidade de se realizar uma fertilização in vitro (FIV) com óvulos doados. Segundo a Resolução CFM nº 2.294/2021, a quantidade de embriões que podem ser transferidos em mulheres com mais de 40 anos é de até quatro.
Assim, é possível engravidar aos 50 anos — no entanto, não se trata de algo simples, garantido ou, muito menos, acessível à maioria das pacientes. “A gravidez nessa faixa etária é, sim, uma realidade. Mas ainda que ela faça parte da modernidade da mulher, é preciso analisar cada caso individualmente”, reforça nosso ginecologista.
Importância do apoio emocional nesses casos
Tenha em mente que decidir engravidar aos 50 anos pode trazer alguns desafios emocionais, como lidar com questões de autoimagem, preocupações com a saúde durante a gravidez e a maternidade tardia, bem como a perspectiva de cuidar de um filho em uma idade mais avançada.
Por isso, o apoio emocional desempenha um papel fundamental para ajudar as mulheres a enfrentarem esses desafios de maneira saudável e equilibrada. O suporte emocional pode vir de diversas fontes, incluindo familiares, amigos, profissionais de saúde e grupos de apoio. Ter um espaço seguro para expressar sentimentos, dúvidas e preocupações pode ajudar as mulheres a se sentirem compreendidas e menos isoladas durante esse período.
Um terapeuta qualificado pode oferecer orientação, técnicas de enfrentamento e estratégias para lidar com o estresse, ansiedade e outras questões emocionais que possam surgir.
Se você está pensando em adiar a maternidade e engravidar aos 50 anos ou apenas gostaria de mais informações e orientação personalizada, não hesite em entrar em contato com a Fecondare.
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