Algumas complicações do diabetes tipo 1 podem afetar a fertilidade feminina, diminuindo as chances de engravidar. Isso porque, o descontrole da glicemia pode levar à irregularidade menstrual, síndrome dos ovários policísticos e, até mesmo, menopausa precoce — fatores que dificultam muito a reprodução.
Neste artigo, reforçamos a necessidade dos autocuidados por parte das mulheres diabéticas. Além disso, mostramos como é a gravidez de futuras mamães portadoras da doença e quais cuidados devem ser adotados. Boa leitura!
O que é o diabetes tipo 1?
O diabetes tipo 1 é uma doença crônica autoimune. Trata-se de uma condição causada pela produção de anticorpos (células de defesa) pelo organismo contra algum órgão do próprio corpo.
No diabetes tipo 1, os anticorpos se voltam contra o pâncreas, atacando as células pancreáticas que produzem insulina. Com isso, ocorre uma diminuição de insulina no organismo e, consequentemente, um aumento dos níveis de glicose (açúcar no sangue) — uma vez que a insulina é a responsável por tirar o açúcar do sangue e fornecê-lo aos tecidos.
Dados da última edição do Atlas de Diabetes, elaborado pela International Diabetes Federation (IDF),mostram que, somado ao diabetes 2 (tipo mais frequente),existem 463 milhões de adultos com a doença no mundo. Isso equivale a quase 10% da população global.
O problema é que mais da metade dos diabéticos não foram diagnosticados. Sem os devidos cuidados, o quadro leva à hiperglicemia, uma condição extremamente prejudicial à saúde. A longo prazo, o distúrbio acaba gerando lesões em diversos órgãos e tecidos.
Como é a relação entre diabetes e fertilidade feminina?
Mulheres com diabetes tipo 1 têm tendência a apresentar distúrbios do desenvolvimento reprodutivo, inclusive infertilidade. Sabe-se que o diabetes tipo 1 está associado a:
- atrasos no início da puberdade;
- irregularidades nos ciclos menstruais;
- ocorrência da síndrome dos ovários policísticos;
- chegada mais precoce da menopausa, possivelmente.
Quais distúrbios reprodutivos podem estar associados ao diabetes?
Antes de continuar, é preciso esclarecer que a tendência a desenvolver distúrbios reprodutivos pode ser amenizada, em grande parte, pela eficácia do tratamento com aplicações de insulina (insulinoterapia). Por outro lado, o excesso de insulina que pode advir dessa terapia também pode causar problemas. Isso porque, muitos tecidos possuem receptores de insulina, sendo sensíveis a ela. Assim, podem ocorrer problemas como ovários policísticos e aumento dos hormônios masculinos.
Dessa maneira, a hiperglicemia pode comprometer a função reprodutiva, pois prejudica, por exemplo, a função dos ovários, os quais são responsáveis pela produção dos óvulos. No entanto, parece que a ovulação, em si, não é afetada.
Outro aspecto que pode ser observado em quadros de diabetes descompensada é a disfunção sexual. Em mulheres, o problema se manifesta como diminuição do desejo sexual ou sensação de dor durante a penetração, diminuindo a frequência das relações sexuais e, consequentemente, as chances de engravidar.
Mulheres diabéticas têm mais dificuldade para engravidar?
Apesar de toda influência que o diabetes tipo 1 pode ter sobre a capacidade reprodutiva da mulher, a taxa de infertilidade é semelhante à de mulheres sem a doença. Por outro lado, como mostrado, pode-se afirmar que essas pacientes enfrentarão mais dificuldades para engravidar.
Isso porque, elas tendem a ter irregularidades menstruais e menopausa mais precocemente, pois sua reserva de óvulos costuma acabar mais cedo pelo dano vascular em todo o corpo causado pelo diabetes descompensado. Além disso, muitas vezes quem tem diabetes tipo 1 também apresenta outras complicações crônicas, devido a comorbidades autoimunes. No mais, fatores associados, como maior idade ao diagnóstico do diabetes tipo 1 e presença de síndrome dos ovários policístico, também corroboram para a dificuldade de engravidar.
Como viver bem apesar do diabetes tipo 1?
O tratamento do diabetes tipo 1 é considerado um desafio na vida reprodutiva das mulheres. Dr. Jean Louis Maillard, ginecologista especialista em reprodução humana assistida da Clínica Fecondare, ressalta que, não apenas para a função reprodutiva, mas para o bom funcionamento de todos os sistemas do organismo, é imprescindível que os indivíduos portadores da doença estejam sempre com sua glicemia controlada.
Para tanto, além das aplicações regulares de insulina, deve-se manter um estilo de vida saudável. Assim, a adoção de uma dieta rigorosa e a realização de atividades físicas regularmente, de preferência, sob orientação especializada, é imprescindível.
Como é a gravidez de uma mulher diabética?
“Para os portadores de diabetes tipo 1, a reprodução, estando a glicemia sob controle, funciona como para os indivíduos sem a doença. Mas cabe salientar que, na gravidez, o acompanhamento e a adequação da dose de insulina devem ser realizados de forma ainda mais rigorosa do que habitualmente”, explica Dr. Jean.
Isso porque, não controlar o índice glicêmico, especialmente nas primeiras semanas de gestação, é um fator de risco para a pré-eclâmpsia e pode provocar má formação (defeitos congênitos) no bebê. Ao mesmo tempo, o descuido deixa a gestante com diabetes mais sujeita a ter abortos espontâneos e partos prematuros.
Agora que a relação entre diabetes e reprodução feminina ficou clara, é preciso reforçar a importância do diagnóstico precoce. Afinal, ter conhecimento sobre a doença é a única forma de tomar as medidas necessárias para evitar complicações diretas e indiretas, como a infertilidade.
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