Adenomiose e gravidez representam uma combinação complexa. Ainda que a doença não impossibilite a gestação, ela pode tornar mais difícil a concepção. Isso porque essa condição desencadeia uma série de problemas que prejudicam a fertilidade feminina.
A seguir, explicamos como tratar a doença sem recorrer à histerectomia (cirurgia de remoção do útero). Dessa maneira, mulheres que têm adenomiose e planejam engravidar não precisam abandonar o sonho de se tornarem mães!
O que é adenomiose?
A adenomiose é uma doença semelhante à endometriose. A diferença é que a endometriose ocorre quando fragmentos do endométrio (tecido que reveste a parede interna da cavidade uterina) surgem fora do útero, provocando a irritação do local.
Já quando o fragmento do tecido endometrial se encontra no miométrio (camada muscular do próprio útero),provocando sangramentos periódicos, trata-se da adenomiose. Por isso, a adenomiose também é chamada de endometriose uterina.
Causas da adenomiose
Alguns especialistas falam que a adenomiose é uma doença congênita. Outros sugerem ser uma patologia adquirida, provocada por lesões no útero (decorrentes uma incisão cirúrgica, por exemplo).
De qualquer forma, é consenso que os hormônios têm bastante influência no seu aparecimento. Isso explica o fato de ser uma doença mais recorrente em mulheres após os 40 anos de idade (as quais estão expostas à ação hormonal por mais tempo). Outros fatores possivelmente associados ao seu aparecimento são menarca (primeira menstruação) precoce, mais de uma gravidez e ciclos menstruais curtos.
Sintomas da adenomiose
Estima-se que 1/3 das mulheres com adenomiose sejam assintomáticas. Nas demais, os sintomas são cólicas fortes e fluxo menstrual intenso. Além disso, podem sentir dor no ato sexual e sangrar fora do período menstrual.
Em relação aos sinais internos, quando o tecido endometrial se encontra difuso pelo miométrio, o tamanho do útero pode aumentar muito. Já se a adenomiose for localizada, é comum haver a formação de nódulos.
Diagnóstico da adenomiose
Quando existem sintomas, o diagnóstico da adenomiose pode ser feito por meio de uma anamnese detalhada e exames de imagem. É comum o especialista solicitar uma ultrassonografia transvaginal ou uma ressonância magnética da pelve.
No entanto, o diagnóstico preciso depende de uma avaliação histopatológica cuidadosa. Para isso, é necessário fazer a histerectomia.
Adenomiose e gravidez: entenda como se dá essa relação
Ainda que mulheres com adenomiose possam engravidar, estima-se que a doença aumente o risco de infertilidade. Já em gestantes, há mais chances de abortamento, assim como partos prematuros.
Isso ocorre porque a adenomiose faz com que o útero sofra alterações funcionais e em sua estrutura. Há casos em que essas alterações influenciam até os tratamentos de reprodução assistida. A dificuldade para engravidar surge, na maioria das vezes, porque:
- as modificações na estrutura do útero atrapalham a chegada do espermatozoide às trompas;
- as mudanças que ocorrem no endométrio dificultam a implantação do embrião no útero;
- as interferências entravam a passagem do óvulo pelas trompas;
- as proteínas necessárias para a adesão do embrião ao endométrio são secretadas de forma anormal;
- existe uma concentração alta de radicais livres no útero, que prejudicam a fertilidade.
- há alterações genéticas.
Além disso, a adenomiose está, frequentemente, associada a outras patologias do aparelho reprodutor. Por exemplo: endometriose peritoneal, hiperplasia do endométrio, miomatose uterina, polipose endometrial e adenocarcinoma endometrial (câncer do endométrio).
Como é possível engravidar tendo adenomiose?
A primeira recomendação é que a adenomiose seja tratada clinicamente, com o uso de medicamentos hormonais. Dependendo dos sintomas, os médicos podem recomendar:
- pílula anticoncepcional com progesterona;
- anti-inflamatórios que não contenham esteroides;
- analgésicos;
- Dispositivo Intrauterino (DIU) de levonorgestrel;
- anel vaginal;
- implantes subcutâneos;
- análogos do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH).
Caso essa abordagem seja pouco resolutiva, a opção é realizar uma cirurgia. O procedimento objetiva remover o nódulo, mas é indicado somente quando a adenomiose é localizada (atinge uma área específica do miométrio – tambem chamado de adenomioma).
Nos demais casos, a possibilidade de tratar a adenomiose com cirurgia radical precisa ser discutida com o médico especialista em reprodução humana. Após a histerectomia, a única forma de gerar um filho é por meio de uma barriga solidária.
O que é possível saber antes de realizar o tratamento?
A mulher que deseja tratar a adenomiose para engravidar precisa estar bem informada sobre a maneira como a doença pode afetar a gravidez. Nessas pacientes, o risco de ocorrer um aborto nos primeiros três meses de gestação é maior. Além disso, a chance de o parto ser prematuro também aumenta.
Por esses e outros motivos, a mulher precisa dialogar com o médico sobre os prós e contras de ter um bebê, mesmo tendo a doença. As únicas formas 100% eficazes de curar a adenomiose são a retirada total do útero ou a chegada da menopausa.
Caso abrir mão da maternidade não seja uma opção, a saída é tentar controlar os sintomas da doença com medicação (pelo menos até a chegada do filho) e manter a esperança. Afinal, a adenomiose dificulta a gravidez, mas não a impossibilita. Conversar com um especialista em reprodução pode fazer toda a diferença no planejamento gestacional de mulheres com o problema.
Ficou com alguma dúvida? Entre em contato com os especialistas da Fecondare para lhe ajudar da melhor forma possível!