O tratamento de um tumor pode deixar o homem infértil. Porém, graças ao congelamento de sêmen, também chamado de criopreservação, é possível se tornar pai no futuro — mesmo quando o câncer deixa efeitos colaterais.
Neste artigo, mostramos como funciona o procedimento e em quais situações ele deve ser realizado. Continue a leitura e tire as principais dúvidas sobre o tema!
O câncer sempre causa infertilidade no homem?
No caso do câncer de testículo, muitas vezes, isso ocorre. No entanto, a maioria dos tipos de cânceres não provoca, diretamente, infertilidade. Na verdade, são os tratamentos para combater o câncer que põem em risco a saúde reprodutiva do homem.
Os maiores riscos estão associados à quimioterapia, assim como à radioterapia e às cirurgias na região pélvica. Entenda melhor a seguir.
Quimioterapia
A divisão celular de um tumor é muito rápida. Os medicamentos utilizados na quimioterapia buscam atingir essas células, para impedir o avanço da doença. Porém, não conseguem diferenciar o que é uma célula cancerosa de uma célula reprodutora, que também detém a capacidade de se multiplicar de maneira acelerada. Assim, a produção de espermatozoides reduz ou cessa completamente.
É por isso que a quimioterapia pode provocar a infertilidade. Tal risco varia em função dos seguintes fatores:
- idade do paciente, sendo maior em homens com mais de 40 anos;
- tipos e doses dos medicamentos quimioterápicos administrados.
Radioterapia
A radioterapia realizada na região pélvica ou nas áreas próximas pode prejudicar a fertilidade. Isso porque, as altas doses de radiação destroem os espermatozoides.
O mesmo ocorre quando a radioterapia é direcionada ao cérebro, pois afeta o hipotálamo e a glândula pituitária, produtores dos hormônios LH e FSH. Esses, regulam a produção de testosterona e dos espermatozoides.
Cirurgia oncológica
A cirurgia para remoção de tumores no sistema reprodutivo e áreas associadas também pode provocar infertilidade. É o caso da:
- orquiectomia bilateral, para remoção dos testículos, realizada em alguns pacientes com câncer de próstata disseminado;
- prostatectomia radical, para a retirada da próstata e das vesículas seminais, em pacientes em que o câncer se restringe à glândula;
- cistectomia radical, para a retirada da bexiga, próstata e vesículas seminais, em pacientes com alguns tipos de câncer de bexiga;
- cirurgia nos linfonodos do abdome, relacionados aos nervos da próstata e das vesículas seminais, os quais são ligados à ejaculação.
Infelizmente, poucos homens têm conhecimento dessas sequelas. E, uma parcela ainda menor, sabe que é possível congelar o sêmen para ter um filho mais tarde.
Como preservar a fertilidade em homens com câncer?
Cabe ao oncologista, em conjunto com o especialista em fertilidade masculina, orientar o paciente sobre a melhor solução para preservação da fertilidade. A criopreservação anterior ao tratamento do câncer possibilita que, no futuro, o homem possa recorrer às técnicas de reprodução assistida para engravidar a parceira.
Em geral, o procedimento leva poucos dias. O período não costuma comprometer o resultado do tratamento oncológico, mas o custo/benefício de cada caso deve ser avaliado individualmente.
Pacientes de qualquer idade reprodutiva podem optar pelo congelamento de sêmen e a quantidade de espermatozoides não precisa ser muito alta. Afinal, em tratamentos de alta complexidade, um pequeno número de gametas é suficiente para que o homem possa ter filhos depois de tratar o câncer. Outro ponto importante: o sêmen pode ficar criopreservado por tempo indeterminado.
Como funciona o congelamento de sêmen em pacientes com câncer?
O congelamento de sêmen deve anteceder a cirurgia ou a primeira sessão de quimioterapia, radioterapia ou outro tratamento que possa comprometer a fertilidade. É feito de forma convencional, com o resfriamento gradual da temperatura em nitrogênio líquido, partindo da temperatura ambiente até alcançar os 190 graus negativos.
Na Fecondare, o período de coletas de amostra de sêmen pode ser de até uma semana. Isso é importante para se ter várias palhetas congeladas, com espermatozoides diferentes.
Após estar totalmente congelado, o sêmen é guardado em contêineres de nitrogênio líquido, devidamente nomeados e numerados. Eles permanecem assim até o momento em que o homem decida que é hora de descongelá-lo, para fazer a fertilização in vitro (FIV) — procedimento mais indicado nesses casos.
Outras técnicas também podem ser empregadas, mas detêm algumas restrições que necessitam ser avaliadas. Por exemplo: para realizar uma inseminação artificial, é preciso que haja mais de um milhão de espermatozoides na amostra descongelada.
Assim, após o congelamento de sêmen e o fim do tratamento do câncer, o especialista em reprodução assistida entra novamente em ação. Nessa hora, ele avalia as opções para o tratamento da fertilidade e indica a mais eficaz para aquele momento. Isso, vale destacar, é feito considerando tanto as condições do paciente, como, também, da sua parceira.
Esperamos que o artigo tenha sido esclarecedor. Mas, caso ainda haja alguma dúvida sobre o assunto, entre em contato. Estamos à disposição!