Publicado em 09/07/2012 - Atualizado 20/01/2021

Celular e infertilidade masculina: tem relação?

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A relação entre celular e infertilidade masculina ainda é polêmica. Há estudos que apontam para prejuízos na quantidade e qualidade dos espermatozoides, assim como há estudos que sugerem não haver uma correlação relevante. De qualquer forma, pelo sim ou pelo não, deve-se evitar exageros no uso do aparelho — principalmente por homens que pretendem ter filhos.

Neste artigo, mostramos as opiniões do meio científico sobre o uso contínuo de smartphones. Para conhecê-las, continue a leitura!

Como o uso de celulares impacta no organismo do homem?

Os celulares têm se tornado parte essencial de nossas vidas e estão presentes em quase todos os momentos. Eles servem tanto para nos manter em contato com o mundo, como para os momentos de descontração.

Entretanto, o impacto dessas ferramentas tecnológicas na saúde humana, principalmente, no que diz respeito aos efeitos nocivos ao organismo, ainda precisa ser melhor investigado. Um artigo publicado no Jornal da Sociedade Brasileira de Urologia sobre a influência do uso dos dispositivos móveis na reprodução comprovou uma possível associação dos celulares com a infertilidade masculina.

Segundo o referido estudo, isso ocorre porque os aparelhos emitem ondas eletromagnéticas de radiofrequência, as quais se dirigem às estações mais próximas e antenas. Acontece que essas ondas também são absorvidas pelo corpo humano.

Para complicar ainda mais, quanto mais avançados os sistemas de telecomunicação utilizados nos celulares, maior energia e frequência possuem as ondas emitidas. Assim, estima-se que seus efeitos sobre a produção e a função dos espermatozoides sejam mais nocivos.

A frequência no uso do celular é proporcional aos danos?

Existe uma relação direta entre a duração e o modo como se usa o celular e a diminuição da quantidade e da qualidade do sêmen. Os espermatozoides dos usuários frequentes de celulares, especialmente daqueles que têm o hábito de mantê-los no bolso ou junto ao cós da calça, apresentam uma considerável redução na contagem e na motilidade.

Outras pesquisas apontam, ainda, para mudanças no tecido testicular decorrentes do uso de celulares. Por exemplo: diminuição do tamanho dos testículos e alterações no diâmetro e estrutura dos túbulos seminíferos (locais em que os espermatozoides são produzidos).

De que forma as radiações dos celulares afetam os tecidos?

O exato mecanismo pelo qual as radiações dos celulares afetam os tecidos ainda não é conhecido. No entanto, existem dois efeitos biológicos principais relacionados ao aparelho:

  • o primeiro é o efeito térmico, devido ao aumento da temperatura corporal, por conta das radiações;

  • o segundo é o efeito não térmico, por conta da passagem de uma corrente elétrica formada pela absorção das radiações dos celulares.

O efeito térmico tem sua atuação principal nos testículos, pois esses necessitam de uma temperatura abaixo da corporal para adequado funcionamento. Aliás, essa é a razão pela qual eles se encontram em uma bolsa exterior ao corpo do homem.

Os efeitos não térmicos, por sua vez, afetam diretamente os espermatozoides produzidos e a secreção hormonal de testosterona, que é reduzida. Por meio desses efeitos não térmicos, os espermatozoides têm seu potencial de fertilização prejudicado, pois perdem motilidade, poder de proliferação e sofrem danos no DNA.

Mas ainda que algumas pesquisas sugiram a ligação do mal uso dos celulares à infertilidade masculina, outras sugerem não haver correlação entre ambos. Portanto, são necessários estudos adicionais para avaliar, de maneira mais precisa, as consequências na saúde e no âmbito específico da reprodução e da fertilidade.

Além disso, vale mencionar que o mesmo estudo que aponta a correlação entre o uso do celular e a infertilidade masculina também mostra que existem evidências negando esse efeito prejudicial. De fato, há registros tanto de casos com danos testiculares variáveis como de casos com efeitos insignificantes.

O que se pode fazer a partir dessas informações?

Enquanto novas pesquisas não são realizadas e a questão não pode ser encerrada, vale o bom-senso. Tudo que é demais faz mal, portanto, o uso do celular também deve ser moderado. E não custa nada guardá-lo afastado do corpo, quando não estiver em uso.

Para preservar sua saúde reprodutiva, preocupe-se, também, em evitar outros hábitos reconhecidamente prejudiciais. São eles:

  • tabagismo;

  • alcoolismo;

  • uso de drogas ou de esteroides anabolizantes;

  • sedentarismo ou excesso de atividades físicas;

  • má alimentação;

  • ansiedade e estresse;

  • má qualidade do sono;

  • calor em excesso;

  • manuseio frequente de solventes orgânicos ou metais pesados e

  • vida sexual descuidada.

Caso seu trabalho não lhe permita afastar fatores de risco como manuseio de solventes orgânicos ou de metais pesados, uma boa ideia é procurar uma clínica de reprodução assistida e realizar o congelamento do sêmen (criopreservação). Dessa maneira, no futuro será mais fácil ter um filho biológico.

Ao mesmo tempo, vá às consultas médicas de rotina, respeitando a periodicidade indicada pelos especialistas. Afinal, diversas doenças que podem passar despercebidas são fatores de risco para a infertilidade masculina, tais como:

  • doenças sexualmente transmissíveis (DSTs),como o HPV, as quais podem afetar a anatomia e a fisiologia de estruturas do aparelho reprodutor;

  • varicocele, um tipo de varizes que afeta as veias dos testículos e pode comprometer a qualidade dos espermatozoides, seja devido ao aumento da temperatura dos testículos ou por conta do estresse oxidativo

  • câncer, por causa dos tratamentos oncológicos, principalmente quimioterapia, terapias-alvo e imunológicas, hormonioterapia, transplante de células tronco e radioterapia;

  • obesidade e diabetes, pois a doença afeta o sistema hormonal (diminuindo os níveis de testosterona) e a maturação das células reprodutivas, além de poder levar ao problema conhecido como ejaculação retrógrada; entre outras patologias.

Por fim, algumas cirurgias que possam ter sido feitas no passado também podem estar relacionadas à infertilidade masculina. Por exemplo: além da vasectomia, hérnia inguinal e cirurgias para câncer de próstata, de testículos, de bexiga e colorretal.

Como diagnosticar as causas da infertilidade no homem?

Quando o homem não consegue engravidar a parceira, após um ano de tentativas sem o uso de métodos contraceptivos, ele recebe o diagnóstico de infertilidade. A partir de então, o especialista passa a investigar a origem do problema, para que possa definir a via de tratamento mais adequada.

Para isso, recorre à avaliação clínica e aos exames complementares, como o espermograma, alguns exames de sangue e outros (como ultrassonografia, amostra de urina pós-ejaculação, biópsia testicular etc).

Como melhorar a fertilidade masculina?

Além de afastar os fatores de risco já mencionados, deve-se adotar um estilo de vida saudável. Aliás, independentemente da pandemia do coronavírus, é importante manter os exames cardiológicos e urológicos de rotina em dia.

Assim, por mais que a relação entre o celular e infertilidade masculina ainda não esteja bem estabelecida, use o aparelho de maneira consciente: nada de exageros e prefira guardá-lo na mochila ou deixá-lo sobre algum móvel. No mais, tenha bons hábitos de vida e, caso encontre dificuldades para engravidar sua parceira, consulte um especialista em reprodução humana assistida.

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Publicado por: Equipe Fecondare

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