A criopreservação (ou congelamento de gametas ou embriões) é um recurso oferecido pelas clínicas de reprodução humana assistida para preservar e prolongar a fertilidade. Graças a ela, pode-se adiar o sonho de ter filhos, independentemente do motivo — questões de saúde, foco na carreira, falta de um parceiro, entre outros.
Neste artigo, mostramos como o procedimento funciona. Para saber mais sobre essa possibilidade, cada vez mais procurada, continue a leitura!
Para que serve a criopreservação?
O congelamento de gametas serve para assegurar a quantidade e, principalmente, a qualidade das células reprodutivas. Com isso, quando chegar o momento de gerar filhos, pode-se ter acesso a gametas de melhor qualidade, mais jovens.
Na clínica de fertilização Fecondare, defendemos que a forma mais simples, confiável e eficaz de engravidar é pelo “método tradicional”. No entanto, quando a concepção natural não é possível, é preferível ter o respaldo de gametas mais jovens para a aplicação em tratamentos de reprodução assistida.
Preservar a fertilidade é, portanto, uma das melhores decisões em casos nos quais existe risco de redução no potencial reprodutivo, seja qual for o motivo. Veja, a seguir, como funciona a criopreservação (preventiva ou eletiva) de óvulos, sêmen e embriões.
Congelamento de óvulos
No caso das mulheres, as principais etapas para a criopreservação são a estimulação ovariana, a punção folicular e a vitrificação. A primeira é realizada com o uso de medicamentos indutores de ovulação. Esses fazem com que a mulher libere vários óvulos (ao invés de apenas um, como ocorre normalmente) no ciclo menstrual. Essa fase leva, em média, 10 a 12 dias.
O passo seguinte é a punção folicular, ou seja, a captura dos óvulos dentro dos folículos. A data é determinada conforme o controle com ultrassonografias seriadas, que mostram quando os folículos atingem o tamanho adequado.
Nessa etapa, uma nova medicação é administrada, para que ocorra a maturação dos óvulos. Após cerca de 36 horas, realiza-se a coleta. O procedimento dura entre 15 e 30 minutos e é feito sob sedação e anestesia, sendo indolor.
Por último, os óvulos obtidos são analisados e, se estiverem suficientemente maduros, são vitrificados e armazenados a baixíssimas temperaturas. Assim, poderão ser desvitrificados (descongelados) quando desejado, sendo fertilizados com espermatozoides do parceiro ou de um doador. Os embriões resultantes desse encontro, por sua vez, são transferidos para a cavidade uterina (somente a quantidade necessária).
Mas, atenção: ainda que não seja proibido para mulheres de mais idade, recomenda-se realizar o congelamento até os 35 anos, quando os óvulos são considerados com maior qualidade. Assim, a mulher pode adiar a maternidade para o momento que julgar mais oportuno, sem precisar recorrer à doação de óvulos.
No entanto, conforme reforça a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA),o congelamento de óvulos não assegura a ocorrência da gravidez. Na verdade, a realização do procedimento apenas potencializa suas chances.
Para saber tudo a respeito, leia o e-book: Criopreservação de óvulos – o congelamento pode garantir um futuro reprodutor saudável
Congelamento de sêmen
No caso dos homens, a criopreservação é mais simples. Ela consiste no congelamento de amostras de sêmen coletadas em intervalos orientados, após a devida análise.
Congelamento de embriões
Este tipo de criopreservação é uma possibilidade para casais que realizaram o tratamento de fertilização e tiveram um excedente de embriões (gametas fecundados viáveis). O procedimento permite utilizá-los em uma ou mais gestações futuras, conforme o desejo de cada paciente.
Quando o recurso é indicado?
A criopreservação é indicada, principalmente, para mulheres que precisam adiar a maternidade. É o caso, por exemplo, daquelas que estão focadas no desenvolvimento profissional e/ou acadêmico.
O mesmo ocorre com as que precisam fazer tratamento oncológico, principalmente, quimioterapia ou radioterapia na região pélvica. Há, ainda, as que apresentam alguma doença que exija a retirada dos ovários, as que têm histórico familiar de perda precoce da função ovariana, entre outras condições.
Sem falar naquelas que, simplesmente, ainda não encontraram um parceiro com o qual desejem ter filhos. Isso porque, quanto mais o tempo passa, mais a qualidade dos óvulos diminui, comprometendo a fertilidade e diminuindo as chances de engravidar.
Vale lembrar que, após os 35 anos, a capacidade das mulheres conceberem naturalmente, principalmente, entre aquelas que ainda não tiveram filhos, é cada vez menor. A criopreservação surge, justamente, como uma forma de prevenir problemas para gerar filhos no futuro.
No caso do congelamento de sêmen, a principal motivação é o tratamento de alguma doença que coloque em risco a fertilidade masculina. É o que acontece, por exemplo, em decorrência de cânceres.
Além disso, há pacientes que optam pela criopreservação antes de realizar uma vasectomia (cirurgia de esterilização). Dessa forma, caso haja o desejo de gerar filhos no futuro, podem ter a certeza de terem espermatozoides viáveis, sem depender da cirurgia de reversão.
Existe, ainda, a possibilidade de congelar embriões. Como explicado, isso ocorre quando o casal passa por um tratamento de reprodução assistida bem-sucedido e gera mais embriões do que o necessário.
Por que no caso das mulheres, é importante buscar ajuda até os 35 anos?
Conhecido como relógio biológico, o marco dos 35 anos é um referencial da saúde reprodutiva feminina. Isso acontece porque as mulheres já nascem com o número total de óvulos, sendo que a reserva ovariana vai diminuindo ao longo do tempo.
A partir dos 35 anos, a redução se acentua gradativamente. Aos 40 anos, as mulheres têm apenas 8% da função reprodutiva.
Assim, até os 30 e poucos anos, a maioria tem uma quantidade satisfatória de óvulos de boa qualidade — ideais para a criopreservação. Sabe-se que isso é um dos principais fatores para o sucesso nos tratamentos de reprodução assistida, que possibilitam o fenômeno mundial da maternidade tardia e planejada.
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Existem riscos associados à criopreservação?
Para a criopreservação de sêmen, não. Já para a criopreservação de óvulos, existe o risco associado à resposta exacerbada à estimulação ovariana. Essa, como explicado, é necessária para a produção de um maior número de óvulos viáveis para o congelamento.
Assim, uma pequena parcela das mulheres submetidas ao tratamento pode desenvolver a chamada síndrome da hiperestimulação ovariana (SHO). A complicação ocorre quando as substâncias vasoativas aumentam excessivamente, levando ao acúmulo excessivo de líquido nas cavidades corporais.
Dessa forma, a paciente pode sentir inchaço e desconforto na região abdominal, dificuldade para respirar, dor de cabeça, entre outros problemas leves a moderados. Nesses casos, é preciso aliviar os sintomas, o que pode ser feito com analgésicos, antieméticos, repouso relativo, entre outras medidas indicadas individualmente.
No entanto, uma pequena parcela das mulheres com SHO (menos de 2%) podem ter efeitos colaterais graves, como aumento dos ovários, coágulos sanguíneos, entre outros. Esses quadros, muitas vezes, exigem internação hospitalar e tratamentos específicos.
Vale ressaltar que o risco de SHO é maior em mulheres com ovários policísticos, níveis altos de hormônio anti-mulleriano e/ou contagem de folículos elevada. Para reduzir as chances de desenvolvê-la, o médico responsável deve adotar um tratamento personalizado, com um protocolo de estímulo ovariano o mais seguro possível.
Existem regras para o congelamento?
Com certeza. No Brasil, as regras mais recentes para o congelamento de gametas ou embriões estão previstas na Resolução Nº 2.294, do Conselho Federal de Medicina (CFM). Entre outros pontos, ela estabelece que:
- a idade mínima permitida à mulher para congelar os óvulos é 21 anos — já a idade limite varia conforme as condições de saúde individuais;
- o número total de embriões gerados em laboratório não pode ser superior a oito, sendo que os excedentes viáveis podem ser criopreservados;
- os gametas podem permanecer congelados por tempo indeterminado, contanto que não sejam considerados abandonados (aqueles cujos responsáveis descumpriram o contrato estabelecido e não foram localizados);
- os pacientes devem registrar sua vontade quanto ao destino dos embriões criopreservados em caso de divórcio ou falecimento, informando se desejam ou não doá-los;
- é permitida a reprodução assistida post mortem com o material biológico congelado, desde que haja autorização do(a) falecido(a) por escrito;
- em caso de material biológico congelado e não utilizado, pode-se optar pelo descarte apropriado ou doação para bancos de gametas, ajudando outras pessoas com infertilidade.
Portanto, a obtenção, armazenamento e manutenção de gametas e embriões congelados segue padrões de controle de qualidade e rastreabilidade rigorosos. Para tanto, é imprescindível contar com clínicas de referência na área, que respeitem as diretrizes do CFM.
Como fica a qualidade dos gametas congelados?
Existem duas maneiras de realizar o congelamento de óvulos e espermatozoides: por congelamento lento ou rápido (vitrificação). Na última, o processo acontece instantaneamente, logo após o médico coletar os gametas. Dessa forma, preserva-se sua qualidade integralmente, garantindo que estejam em perfeito estado para o uso posterior.
No caso do congelamento tradicional, cujo processo é mais lento, corre-se o risco da formação de cristais. Essas formações, por sua vez, podem se romper e danificar os gametas durante o descongelamento futuro, como ocasionando alterações cromossômicas.
Na vitrificação, como explicado, esse risco não existe. Afinal, o congelamento instantâneo e o emprego de uma solução de crioprotetora impede a formação dos cristais, conservando a estrutura celular intacta mesmo no desvitrificamento.
Dessa maneira, os gametas podem ser armazenados a baixas temperaturas (-196ºC),em containers com nitrogênio líquido, por tempo indeterminado, pois a vitrificação os mantêm intactos. Eles não irão envelhecer nem sofrer qualquer dano que impeça de serem utilizados.
Na prática, isso significa que não há diferença entre usar um gameta natural ou um congelado. Ambos podem ser fertilizados e gerar gravidezes saudáveis e bem-sucedidas, levando ao nascimento de filhos com seus genes.
Qual é o valor da criopreservação?
O custo para realizar o congelamento de gametas varia em função de diversos fatores. Nessa conta, entra o valor das consultas com o especialista em reprodução humana que conduzirá o processo.
Existem, também, os gastos com os medicamentos empregados na estimulação ovariana. Além disso, há o custo da anuidade cobrada pelo laboratório que irá manter os gametas ou embriões criopreservados.
Como engravidar com óvulos congelados?
Em média, costumam ser criopreservados de 10 a 15 óvulos em mulheres com menos ed 35 anos. A medida que a idade avança o numero de ovulos tambem aumenta para que se tenha uma amostra mais “segura” para chegar-se na gravidez. Tal quantidade é importante para que, caso as primeiras tentativas de fertilizações não vinguem, seja possível tentar novamente, sem precisar passar por outra estimulação ovariana. Os espermatozoides utilizados, por sua vez, podem ser do parceiro, como proveniente de um banco de doadores.
Em relação aos tratamentos para engravidar, existem três possibilidades: inseminação artificial (IA), fertilização in vitro (FIV) e injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI). A escolha depende das condições de cada casal, começando, sempre que possível, pela de menor complexidade (IA).
Enquanto se aguarda a fecundação, o útero vai sendo preparado, com o uso de medicações específicas, para receber os embriões. Uma vez formados, eles são implantados, sendo que o número de transferências varia conforme a idade da mulher à época da criopreservação e sua idade atual.
A confirmação (ou não) da gravidez se dá em, aproximadamente, 12 dias, sendo feita por meio de exame de sangue (Beta hCG). Os embriões excedentes, por sua vez, são criopreservados. Após três anos, podem continuar preservados, serem doados ou descartados, conforme o desejo de cada paciente.
Até que idade é possível realizar um tratamento de reprodução assistida?
Segundo o CFM, a idade máxima para realizar um tratamento de reprodução humana assistida é de 50 anos. Exceções, entretanto, podem ocorrer, sendo baseadas em critérios técnicos e científicos fundamentados pelo médico responsável.
Recomenda-se, entretanto, que as mulheres, mesmo com os óvulos congelados, não esperem ter mais de 50 anos para engravidar. A orientação se deve ao fato de o risco de complicações gestacionais ser maior com o avanço da idade.
No mais, vale reforçar que as taxas de sucesso da gravidez também dependem muito da clínica onde você irá realizar o tratamento. O ideal é buscar por um lugar qualificado e que você se sinta seguro.
Onde realizar uma criopreservação em Florianópolis?
Como mostrado, a criopreservação é ideal para quem não pode ou não quer gerar filhos no presente, mas deseja tê-los no futuro. Na Fecondare, localizada em Florianópolis, SC, oferecemos o referido procedimento e todas as opções de tratamentos de reprodução humana assistida. Aqui, você encontra uma equipe multidisciplinar especializada em medicina reprodutiva, continuamente atualizada e adepta de cuidados humanizados.
Se você está considerando a criopreservação ou em caso de dúvidas, sinta-se à vontade para entrar em contato. Estamos à sua disposição!