Prostatite: o que é e como pode afetar a fertilidade masculina

Prostatite: o que é e como pode afetar a fertilidade masculina

A prostatite é uma inflamação ou infecção que afeta a próstata, pequena glândula pertencente ao sistema reprodutor masculino. Trata-se de um problema comum, prevalente em homens com menos de 50 anos de idade — sendo, muitas vezes, responsável por quadros de infertilidade. Além disso, costuma causar dor e inchaço.

Neste artigo, esclarecemos as principais dúvidas a respeito e mostramos como a reprodução assistida pode ajudar casais prejudicados pela infertilidade masculina. Confira!

Qual é a função da próstata?

A próstata é uma glândula localizada abaixo da bexiga. Ela produz um líquido rico em nutrientes, que constitui o fluido seminal (ou líquido prostático),essencial para os espermatozoides.

Além disso, também produz o antígeno prostático específico (PSA) — o mesmo que é dosado para o rastreamento de câncer de próstata. A substância é responsável por deixar o sêmen mais líquido, facilitando o movimento dos espermatozoides.

Durante a relação sexual, é o líquido prostático que neutraliza a acidez vaginal. Isso permite que os espermatozoides permaneçam vivos por mais tempo nas estruturas internas do útero, favorecendo a concepção.

O que causa e quais são os sintomas da prostatite?

A próstata está localizada em uma região muito próxima da bexiga. Inclusive, a urina, para ser expelida, passa pelo canal existente dentro dela.

Normalmente, a prostatite é causada por bactérias — principalmente, a Escherichia coli (a mesma que causa as infecções urinárias). Nesses casos, pode se manifestar como aumento da frequência urinária e/ou febre, bem como dor na região genital ou para urinar.

Apesar disso, o incômodo geralmente não é incapacitante. Os momentos em que o desconforto surge com maior clareza é quando o homem anda de bicicleta, motocicleta ou realiza qualquer atividade em cavalos.

A infecção também pode ser uma doença crônica, que dura alguns meses. Nesses quadros, pode provocar dor pélvica, disfunção erétil, presença de sangue no sêmen e/ou outras manifestações.

Por fim, a relação sexual é outra maneira do homem ser contaminado e desenvolver uma prostatite. Também é uma forma de transmitir a bactéria para a mulher, caso ela esteja alojada no líquido que é ejaculado. Afinal, muitas vezes, a doença é assintomática.

Prostatite: o que é e como pode afetar a fertilidade masculina

O que é observado pelo médico durante o diagnóstico?

O diagnóstico da prostatite começa com a análise do histórico clínico e o exame físico do paciente. O urologista também solicita um exame de urina, para verificar se há bactérias no sêmen.

Muitas vezes, o toque retal e a análise do PSA podem ser necessários. Às vezes, pode-se precisar, ainda, uma biópsia do órgão.

A reação do homem ao exame de toque retal é um forte indicativo da existência da infecção na glândula. Alguns sentem dor e outros têm vontade de urinar. Essas reações são um indicativo importante da prostatite. Em jovens com a infecção, é possível observar a presença de células inflamatórias no espermograma.

Como a prostatite afeta a fertilidade masculina?

A presença da infecção leva à diminuição na produção e qualidade do líquido gerado na próstata. Uma das principais razões para isso é a presença de muitos radicais livres (substâncias danosas às células),que podem dificultar a reprodução.

Além disso, a glândula incha e, consequentemente, o espaço disponível para a passagem do sêmen pelos ductos diminui. É por isso, também, que surgem os sintomas urinários, como dificuldade para eliminar a urina completamente, aumento do número de idas ao banheiro e sensação de dor.

Vale destacar, ainda, que o canal que transporta o esperma passa pela parte interna da próstata. Como a infecção aumenta a temperatura na região, os espermatozoides (sensíveis a essas alterações) não resistem e perdem a vitalidade — necessária para sair e chegar até o óvulo.

E tem mais! A prostatite também pode levar a problemas na ejaculação, como ejaculação precoce, ejaculação retardada, não ejaculação e dificuldades com a ereção.

Por tudo isso, é importante considerar uma possível infecção na próstata em pacientes inférteis ou com sintomas. Também é essencial procurar um médico especialista em sexualidade masculina, para o correto diagnóstico e o devido tratamento.

Veja também: Como aumentar a fertilidade masculina?

Como é o tratamento da prostatite?

A maioria dos casos dispensa a realização de cirurgia para remoção da glândula. Geralmente, o tratamento da prostatite é feito com antibióticos e anti-inflamatórios, por vezes, associado ao laser de baixa intensidade.

O tratamento com remédios deve ser seguido por, no mínimo, 30 dias. Esse período é necessário para que os mesmos façam efeito, já que há uma dificuldade de chegar até a próstata, em função dela possuir uma barreira natural que impede a passagem dos antibioticos.

Vale destacar que, muitas vezes, o tratamento medicamentoso melhora a disfunção sexual e/ou infertilidade provocada pela doença. A terapia com laser, por sua vez, é recomendada por sua ação anti-inflamatória, bioestimuladora, regeneradora, analgésica, fortalecedora do sistema imunitário e facilitadora da microcirculação sanguínea.

E quando a infecção da próstata se agrava?

A prostatite crônica é mais difícil de tratar. A abordagem varia conforme o tipo de infecção, como mostrado a seguir.

Prostatite bacteriana crônica

O homem que procura ajuda médica quando a prostatite ainda é aguda tem maior chance de se curar da infecção. Às vezes, o processo requer cuidados hospitalares, quando o tratamento precisa ser por via endovenosa ou há obstrução intensa da urina.

O que determina que a prostatite é crônica é o fato de o tratamento ser realizado corretamente, mas alguns sinais persistirem. Por exemplo, a permanência do PSA alto, apesar de a administração do antibiótico já ter sido feita mais de uma vez. Nesses casos, não há o que fazer, além de acompanhar e observar.

Parte dos homens diagnosticados com prostatite bacteriana crônica pode desenvolver um distúrbio chamado azoospermia, ou seja, ter falta de espermatozoides no sêmen. O que causa essa ausência é a impossibilidade de o espermatozoide encontrar-se com o sêmen, devido ao entupimento das vias da próstata, provocado pela infecção crônica.

Prostatite não bacteriana

Para tratar esse tipo de prostatite, o antibiótico pode até ser dispensado. Mesmo assim, ainda é a primeira opção, porque é difícil definir quando a infecção é, ou não, causada por bactéria.

De qualquer forma, não é um problema o homem fazer uso do medicamento. Isso porque, muitos antibióticos possuem propriedades anti-inflamatórias, que contribuem para a recuperação.

Prostatodinia

A prostatodinia é o tipo de prostatite mais incidente. Também conhecida como síndrome da dor pélvica crônica, aparece em indivíduos que nunca sofreram uma infecção urinária. Sem causa estabelecida, desconfia-se que o próprio retorno da urina pelo canal faz com que o homem desenvolva a doença.

O que fazer quando a prostatite compromete a fertilidade?

Uma vez que a prostatite compromete a saúde reprodutiva do homem, pode ser difícil alcançar a gestação de forma natural. Isso não quer dizer, no entanto, que essa possibilidade está descartada.

Como a reprodução assistida pode ajudar?

Um homem pode ter filhos mesmo tendo a próstata infeccionada, pois há técnicas de reprodução assistida desenvolvidas para esse fim. Nesses casos, os especialistas indicam a realização da coleta do espermatozoide direto do testículo, por meio de uma punção. A preparação requer a realização de uma ultrassonografia, para avaliar as condições dos testículos e do epidídimo, e da dosagem do FSH (hormônio folículo-estimulante).

Sugestão de leitura: Infertilidade do homem não impede o sonho de se tornar pai

A retirada do gameta é feita com o auxílio de uma agulha fina. O procedimento é conhecido como punção do epidídimo para extração de espermatozoide (PESA) e realizado com o homem sedado. Nele, busca-se coletar os espermatozoides móveis, pois a taxa de sucesso é maior quando os gametas possuem boa motilidade.

São necessários, aproximadamente, 30 minutos para extrair os espermatozoides. Após a coleta, é recomendado ao homem que permaneça 24 horas em repouso.

Uma vez coletados os gametas masculinos, é hora de promover o encontro de um deles com o óvulo. A junção dos dois é feita por intermédio dainjeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI).

O que a ICSI tem de diferente em relação à fertilização in vitro (FIV) convencional é a forma como o óvulo é fecundado. Na ICSI, o gameta masculino é introduzido diretamente dentro do óvulo. Já na FIV, são colocados na placa o óvulo em sua forma natural e um preparado de espermatozoides junto com pelo menos 150 a 180 mil espermatozoides funcionais.

Aprofunde-se no assunto: Como a técnica de ICSI pode ser uma aliada contra a infertilidade?

O que determina o sucesso da fertilização?

Um dos fatores envolvidos no sucesso da fertilização é a idade da mulher. Sabe-se que as taxas de gravidez são mais altas entre aquelas com idade inferior a 35 anos. No caso do homem, se os gametas forem pouco viáveis, o especialista pode indicar a doação de espermatozoides. Trata-se de um processo anônimo e o código de ética médica garante o sigilo do profissional sobre a questão.

Informe-se a respeito: Doação de sêmen: saiba quais são as regras e os pré-requisitos

A prostatite pode evoluir para um câncer?

Não. A prostatite não aumenta as chances de um homem desenvolver um câncer na próstata. A infecção e o tumor são doenças completamente diferentes.

A única coisa que as duas condições detêm em comum é a alteração do PSA. Esse é um indicativo da existência de alguma anormalidade, que precisa ser investigada.

Como mostrado, o aparecimento da prostatite está diretamente relacionado aos hábitos de vida e aos cuidados adotados nas relações sexuais. Além disso, fatores patológicos associados, como o diabetes, as doenças cardiovasculares e a obesidade, também influenciam no aparecimento da infecção. Em suma, ter atenção a esses pontos evita que a saúde — incluindo a reprodutiva — seja danificada!

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Dr. Jean Louis Maillard

Especialidade: Ginecologista - Diretor técnico médico
CRM: CRM-SC 9987 , CRM-RS 13107 e RQE 5605

Ginecologista formado na Faculdade de Medicina da PUCRS em 1983, com residência médica em Ginecologia e Obstetrícia, Precertopship de Histeroscopia e Fellow nos Hospitais Tenon e Port Royal em Paris