Publicado em 05/05/2021 - Atualizado 06/07/2021

Seleção de embriões para evitar síndromes: quando é indicada?

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A ciência é uma das principais aliadas dos casais com dificuldade para engravidar. Além de tornar o desejo de serem pais algo concreto, a seleção de embriões permite ao homem e à mulher identificar o embrião mais viável para ser implantado no útero, por intermédio do PGS (sigla em inglês para Screening Genético Pré-Implantacional).

Neste artigo, reunimos as informações mais relevantes sobre o assunto. Continue a leitura e conheça suas possíveis indicações.

O que explica o interesse na seleção de embriões?

Primeiramente, um embrião viável faz com que as chances de a mulher engravidar sejam mais promissoras. Dessa maneira, a seleção de embriões aumenta as taxas de sucesso em casais com histórico de falhas de implantação e abortos de repetição.

Em segundo lugar, graças à técnica é possível diagnosticar e evitar doenças graves e hereditárias. Essas doenças são difíceis de curar ou não têm cura — com potencial para comprometer a qualidade de vida do indivíduo enquanto viver. É o que ocorre na fibrose cística, um problema genético e crônico que afeta, principalmente, os pulmões.

Além disso, a seleção de embriões é uma importante ferramenta para terapias gênicas, realizadas quando um paciente precisa realizar um transplante, mas não encontra um doador compatível. Graças à prática, muitas vidas já foram salvas e outras surgiram.

Pessoas que necessitam de um transplante de medula óssea, por exemplo, podem se beneficiar da técnica. É o caso de quem tem alguns tipos de leucemias, aplasias de medula óssea ou síndromes de imunodeficiência congênita.

É o que foi mostrado na história do filme Uma prova de amor (de 2009). Na tentativa de curar a filha mais velha, os pais decidem ter outro bebê por meio de uma das técnicas de reprodução humana assistida. Assim, garantiriam que, além de ter a mesma carga genética da filha doente, o embrião seria saudável.

Como é feita a seleção de embriões para evitar síndromes?

A seleção é feita em embriões obtidos pela fertilização in vitro (FIV). Por meio da análise genética do embrião, um grande número de doenças genéticas e distúrbios graves podem ser evitados.

Essa análise é feita in vitro, em diferentes estágios do desenvolvimento embrionário. Para a implantação uterina, selecionam-se apenas os embriões livres de alterações genéticas.

Entre outras alterações cromossômicas, é possível evitar a Síndrome de Down (trissomia do cromossomo 21) em fetos com histórico familiar para as doenças. Sabe-se que, em mulheres que pretendem se tornar mães após os 40 anos de idade, o risco de ter um bebê com Síndrome de Down aumenta de 1 para 100 nascidos vivos.

Como funciona o diagnóstico genético pré-implantacional?

Para detectar as doenças genéticas e cromossômicas, utiliza-se uma pequena amostra do embrião in vitro. A partir dela, os médicos fazem a análise dos 23 pares de cromossomos, os quais contêm todas as informações genéticas do ser humano.

A atenção maior é destinada aos cromossomos que estão relacionados às mudanças gênicas que afetam os bebês. Com isso, é possível interromper a progressão de doenças hereditárias, entre outras aplicabilidades mencionadas.

De que maneira a seleção de embriões atua a serviço da vida?

Suponha que a maioria dos parentes do lado materno sofra com uma determinada doença. Caso a futura mamãe não queira que seu filho desenvolva o mesmo distúrbio, ela pode realizar uma fertilização in vitro (FIV) e, com o PGS, identificar qual embrião está livre da patologia.

Dessa maneira, ao transferir o embrião selecionado para o útero, evita-se que mais uma pessoa, bem como seus descendentes, tenha de viver com a enfermidade. Um alívio e tanto para quem pretende formar uma família!

Quais são as questões éticas envolvidas?

A seleção de embriões é permitida no Brasil, sendo regulada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). O órgão é o responsável por estabelecer as regras de conduta para a reprodução assistida no País.

O que o CFM proíbe é usar o PGS para selecionar embriões com características físicas específicas (como sexo, cor dos olhos, tipo de cabelo e assim por diante). Essa é uma prática condenada pelo Conselho, passível de punição. A exceção, apenas em relação à escolha do sexo, é para casos em que haja o princípio da beneficência, ou seja, visando evitar doenças ligadas a cromossomos sexuais.

Para concluir, todos ganham quando os importantes recursos da ciência são usados a serviço da vida. É a isso que, tanto os casais que buscam o auxílio dos especialistas para engravidar, quanto os médicos responsáveis e a população em geral, precisam estar atentos. A seleção de embriões, quando usada para a saúde e o bem-estar, limitando-se a casos com indicações terapêuticas, é muito benéfica!

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Publicado por: Dr. Jean Louis Maillard - Ginecologista - Diretor técnico médico - CRM-SC 9987 , CRM-RS 13107 e RQE 5605
Ginecologista formado na Faculdade de Medicina da PUCRS em 1983, com residência médica em Ginecologia e Obstetrícia, Precertopship de Histeroscopia e Fellow nos Hospitais Tenon e Port Royal em Paris

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