O hipotireoidismo é um fator de risco para a infertilidade, pois interfere, diretamente, na ovulação. Por isso, muitos especialistas em reprodução humana defendem a necessidade de avaliar o funcionamento da tireoide quando se quer engravidar. Isso é ainda mais indicado para mulheres acima de 35 anos, ou com histórico pessoal ou familiar da doença. No caso de algum problema na tireoide ser diagnosticado, o tratamento deve começar imediatamente.
Com esses cuidados, quem tem hipotireoidismo pode engravidar sem maiores complicações gestacionais ou sequelas para o bebê. Quer entender melhor? Então, continue a leitura!
O que é o hipotireoidismo?
A glândula tireoide regula o metabolismo. Ela produz o hormônio estimulante da tireoide (TSH) e os hormônios tireoidianos livres triiodotironina e tiroxina (T3 e T4, respectivamente).
Quando o nível de TSH está alto, mas o T4 está normal, trata-se de um quadro de hipotireoidismo subclínico. Essa condição inicial atinge cerca de 10% das pessoas, sendo leve (muitas vezes, assintomática) e menos diagnosticada.
Já o hipotireoidismo clínico (também chamado hipotireoidismo franco) ocorre quando o TSH está alto e, o T3 e T4, abaixo dos níveis de referência. Entre os sintomas clássicos, pode-se citar o aumento do volume da tireoide (bócio),cansaço excessivo, queda de cabelo, pele seca, ganho de peso e aumento do colesterol.
Quais são as causas do hipotireoidismo?
O hipotireoidismo é um distúrbio muito comum em mulheres em fase reprodutiva. Ele pode ser decorrente de uma deficiência de iodo ou de alterações imunológicas (como no caso da Tireoidite de Hashimoto).
Para diagnosticá-lo, os médicos solicitam exames de sangue (dosagem do TSH, T4 livre e anticorpos contra tireoide) e, em certos casos, de imagem (para checar alterações ultrassonográficas). Estima-se que 95% dos casos de hipotireoidismo sejam subclínicos, ou seja, primários.
Quem tem hipotireoidismo pode engravidar?
Sim, mas é fundamental diagnosticá-lo e tratá-lo. O hipotireoidismo não tratado, mesmo quando subclínico, pode impedir a ovulação, levando a um quadro de anovulação. Estudos sugerem que níveis adequados de T4 são necessários para aumentar as taxas de fertilização e implantação do embrião.
Além disso, algumas pacientes com essa disfunção podem apresentar níveis aumentados de prolactina, o que também prejudica a fertilidade. E mesmo que ela engravide, se não tratado, o hipotireoidismo costuma levar a abortamentos espontâneos e repetidos.
Isso explica porque a dosagem do TSH é um dos exames indicados para quem está com dificuldade para engravidar. Com ele, pode-se monitorar o funcionamento da tireoide.
Mas além da questão da infertilidade, a atenção ao nível de TSH é importante por conta do seu impacto na saúde da futura mamãe e do bebê. Isso vale, inclusive, para mulheres com hipotireoidismo subclínico.
Como o problema na tireoide pode afetar o bebê?
O mau funcionamento da tireoide pode prejudicar tanto a saúde da gestante, como do feto. Na mulher, a doença tem relação com complicações obstétricas sérias, como maior risco de sangramentos, descolamento prematuro da placenta, pré-eclâmpsia, prematuridade e abortamento.
No bebê, além do baixo peso e altura ao nascer, pode provocar malformações congênitas e comprometimento do desenvolvimento intelectual. O hipotireoidismo congênito (decorrente de alterações genéticas),por outro lado, é uma complicação muito rara (ocorre em menos de 1% dos casos de filhos de mães hipotireoidianas).
Por isso, uma vez diagnosticada, recomenda-se a estabilização da disfunção antes de engravidar. O tratamento com ingestão oral de hormônios tireoidianos sintéticos (levotiroxina) pode diminuir consideravelmente ou eliminar o risco de complicações, pois mantém o TSH e o T4 normal.
Vale ressaltar que esse tipo de medicação não faz mal ao bebê. Mas deve-se ingerir a medicação conforme a orientação médica individualizada, sendo que, até o primeiro trimestre, o monitoramento dos hormônios tireoidianos precisa ser frequente.
Assim, quem tem hipotireoidismo pode engravidar. Para isso, basta que a função tireoidiana seja tratada antes da gestação. Se o problema persistir durante a gravidez, o uso da medicação deve ser mantido, sempre na menor dose possível e com acompanhamento contínuo do endocrinologista, para serem realizados ajustes frequentes. O hipotireoidismo materno bem controlado não irá comprometer o desenvolvimento mental do filho.
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