Todo mundo sabe, gestantes não devem fumar, consumir bebidas alcoólicas ou, muito menos, usar drogas. Mas e quanto ao uso de antidepressivos na gravidez? É permitido ou é preciso interromper seu consumo durante a gestação, a fim de não prejudicar o desenvolvimento do bebê?
Neste artigo, mostraremos o posicionamento das associações de saúde sobre o uso de fármacos para distúrbios de ansiedade e depressão em grávidas. Além disso, veja algumas dicas sobre os cuidados com a saúde mental dessas pacientes. Boa leitura!
Quais são os riscos do uso de antidepressivos na gravidez?
Nos Estados Unidos, quase 20% das mulheres (em idade reprodutiva) com depressão e ansiedade tomam antidepressivos. Para entender o impacto dessas medicações (considerando as prescrições mais comuns),um estudo de casos e controles avaliou a ação de antidepressivos em grávidas que fizeram uso deles nos 3 meses anteriores à concepção e ao longo da gestação.
O principal risco do uso de alguns tipos de antidepressivos, principalmente nas primeiras 12 semanas de gestação, é o de que o bebê venha a ter defeitos congênitos. Dependendo da medicação, houve associação com problemas cardíacos (como retorno venoso pulmonar anômalo),hérnia diafragmática, anencefalia, craniossinostose (fechamento precoce das suturas do crânio, impedindo-o de crescer),entre outros.
Complicações obstétricas (principalmente, o parto prematuro), toxicidade neonatal (desencadeando sintomas como irritabilidade, dificuldade de sucção entre outros) e toxicidade comportamental tardia (manifesta como atrasos no desenvolvimento da linguagem, problemas de comportamento etc) foram outras associações confirmadas. Por conta disso, existem várias medidas recomendando a suspensão dos antidepressivos durante a gestação.
Antidepressivos são agentes teratogênicos
A teratogenia é a capacidade de um agente ser nocivo ao embrião ou ao feto. Como notado no estudo norte-americano, no caso do uso de antidepressivos, pode haver a perda da gestação, malformações e distúrbios no desenvolvimento físico ou neuro-comportamental.
Agentes para se manter afastada na gestação
Entre os agentes teratogênicos mais prejudiciais, destacam-se: o cigarro, o álcool, as drogas (como cocaína),os raios-X (usados em exames de imagem),diversos medicamentos (como antidepressivos),entre outros. A lista é extensa.
Sendo assim, além de adotar hábitos de vida saudáveis e limitar o consumo de medicamentos ao que é, realmente, necessário, é muito importante iniciar o pré-natal o mais cedo possível. Dessa maneira, o obstetra pode identificar comportamentos inadequados, muitas vezes relacionados a agentes teratogênicos, e corrigir a futura mamãe em tempo de prevenir maiores problemas.
Como cuidar da saúde mental durante a gestação?
Em mulheres cujo quadro psicológico é considerado estável, recomenda-se descontinuar o uso de antidepressivos de 2 a 3 semanas antes de começarem as tentativas de engravidar. No entanto, isso varia caso a caso, sendo necessária uma avaliação individual com base no número e na gravidade dos episódios anteriores.
Outro fator importante é o tempo de recaída dos sintomas em tentativas prévias de descontinuação. Em mulheres com histórico de recaídas graves e rápidas, não é possível suspender o uso de antidepressivos na gravidez.
Uma alternativa seria substitui-los por psicofármacos com mais informações sobre a segurança na gestação e lactação. Porém, não adianta administrá-los em uma dosagem tão baixa que sejam ineficazes. A dose deve ser sempre a adequada.
Independentemente do quadro (em pacientes em remissão, ou seja, quando a descontinuação dos antidepressivos é possível, ou nas que precisam mantê-los),recomenda-se adotar algumas medidas que ajudem a cuidar da saúde mental durante esse período. São elas:
- fazer psicoterapia, caso ainda não façam;
- manter hábitos saudáveis relacionados à alimentação e à prática regular de exercícios físicos;
- tomar ácido fólico e seguir as recomendações do pré-natal.
Como definir a melhor estratégia de tratamento?
Consultar-se com um especialista é a melhor forma de obter uma estratégia de tratamento segura e eficiente. Afinal, antes de se decidir pela manutenção, adaptação ou interrupção das medicações, médico e paciente devem pesar uma série de fatores.
Cabe ao especialista ajudá-la a pesar os riscos e benefícios dos antidepressivos na gravidez, bem como os impactos de lidar com uma ansiedade ou depressão não tratada. Como mostrado, o tratamento deverá ser estabelecido com base no quadro individual e, sempre que possível, combinado a outras medidas para cuidar da saúde mental.
Gostou do conteúdo? Sabemos que se trata de um tema árido, mas para quem está pensando em engravidar, é importante se informar a respeito. Se você quiser ficar por dentro de outras dicas sobre fertilidade e maternidade, siga a Clínica Fecondare no Facebook e Instagram!