O câncer de testículo é uma doença rara, mas que vem se tornando cada vez mais frequente. A história familiar positiva (quando um parente próximo é acometido pela doença) é um dos fatores significativos para o seu surgimento. Ele costuma acometer homens entre 15 e 35 anos de idade e é o tumor mais comum nessa faixa etária. O que se tem descoberto nestes últimos anos é a associação dessa doença com a infecção pelo HPV (human papillomavirus) e com a infertilidade masculina.
Aparentemente, homens com câncer testicular estão mais suscetíveis à infecção pelo HPV, o mesmo vírus causador do câncer de colo do útero nas mulheres, câncer de vagina e pênis, entre outros. Possivelmente as modificações que ocorrem no sistema imunológico do homem após o surgimento do câncer ou do seu tratamento facilitam a infecção pelo vírus. O tratamento do tumor consiste na retirada do testículo acometido pela doença, mas, às vezes, também se faz necessária a radioterapia e a quimioterapia.
Pesquisadores na Itália analisaram o sêmen (líquido expelido após a ejaculação e que contém os espermatozoides) de homens que haviam sido diagnosticados com câncer testicular e observaram, curiosamente, uma diminuição na movimentação das suas células reprodutivas, fato que poderia afetar a fertilidade daqueles pacientes. Após o tratamento do câncer, observou-se uma redução ainda maior nessa movimentação, na contagem total dos espermatozoides e em sua concentração. Portanto, os parâmetros do sêmen se alteraram e são justamente eles que vão definir a capacidade do homem de se reproduzir.
Infertilidade masculina não impede homens de ter filhos
É comum esses pacientes, após resolução da doença, recorrerem a técnicas de reprodução assistida para ter filhos. Outro fato observado na pesquisa foi que, quando o HPV se fazia presente no sêmen, as taxas de sucesso com as técnicas reprodutivas eram menores. O tratamento de apenas retirar o órgão acometido, sem outra terapia, está associado a uma melhora dos parâmetros do sêmen, como se o organismo do homem tentasse compensar a presença de apenas um testículo.
Recomenda-se, portanto, que se teste o esperma com o intuito de detectar a infecção pelo HPV em todo homem com história de câncer testicular, principalmente se ele foi submetido à quimioterapia, porque ambas as condições favorecem a infertilidade masculina e a impossibilidade de se gerar uma gravidez bem sucedida. Assim, o médico especialista em reprodução assistida deve conhecer toda a história de saúde do casal, porque são muitos os fatores que podem influenciar no sucesso do tratamento.