Publicado em 17/06/2020

Posso escolher o sexo do bebê na reprodução assistida?

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Escolher o sexo do bebê ao fazer um procedimento de Reprodução Assistida: será possível?

Uma coisa é fato, quando chega o nascimento do filho, os futuros papais se sentem completamente realizados e quando a criança nasce de acordo com o gênero que o casal sonha, sentem-se duplamente realizados. 

Mas será que é possível escolher o sexo do bebê, quando o casal decide por uma técnica de fertilização assistida?

Infelizmente não. Não é possível, nem previsto por lei, que o casal escolha o gênero da criança por meio dos procedimentos tecnológicos da reprodução humana, simplesmente por uma preferência.

No entanto, se for para uma causa maior, a escolha do sexo está permitida. Ou seja, em determinadas exceções, o Conselho Federal de Medicina (CFM) aprova que as técnicas de Reprodução Assistida possam ser aplicadas para escolher o sexo do bebê

Entenda quando e por qual motivo isso é possível:

Quando é possível escolher o sexo do bebê?

De acordo com aResolução CFM nº 2.168/2017, o Conselho Federal de Medicina (CFM) determina que as técnicas de Reprodução Assistida não podem ser aplicadas com a intenção de selecionar o sexo, visando presença ou ausência de cromossomo Y, ou qualquer outra característica biológica do futuro filho, exceto para evitar doenças no possível descendente.

Segundo o Conselho Federal de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP), a menos que existam justificativas clínicas, a orientação deve ser estritamente rigorosa no que diz respeito ao desejo de escolher o sexo do bebê

Ou seja, se isso fosse amplamente permitido, poderíamos, inclusive, proporcionar um desequilíbrio demográfico entre sexos no futuro, além de diversos outros problemas que poderiam representar uma ameaça à humanidade.

Mas então, em que casos a escolha do sexo do bebê está liberada?

Hemofilia: quando a escolha do sexo do bebê está autorizada

Existem determinadas patologias que estão diretamente relacionadas ao gênero, no que diz respeito à probabilidade de desenvolvimento da doença. Muitas vezes, essas doenças são de caráter grave e, por isso, nesses casos, a Constituição permite que haja intervenção no procedimento de Reprodução Assistida.

Ou seja, para evitar que a criança seja uma portadora da doença, é permitido escolher o sexo do bebê. A hemofilia, por exemplo, é uma das doenças genéticas ligadas ao sexo que estão autorizadas para a escolha do gênero da criança.

As hemofilias são caracterizadas por um distúrbio genético e hereditário que acomete, quase que exclusivamente, o sexo masculino. A doença provoca uma ausência de proteínas importantes para o processo de coagulação sanguínea, o que desencadeia na dificuldade de conter hemorragias. 

Assim sendo, as mulheres descendentes de pais hemofílicos nascem portadoras da doença, porém, raramente a desenvolvem. Já os filhos dessas mulheres certamente serão hemofílicos. Por isso, nesse caso, a escolha do sexo evita que a hemofilia seja transmitida de geração para geração.

E como é feita a escolha do sexo do bebê, nesses casos?

Primeiramente, é preciso realizar uma fertilização in vitro (FIV) para que seja possível escolher o sexo do bebê. A partir disso, é realizada uma análisedo embrião chamada sexagem fetal,  que detecta se o feto será do sexo feminino ou do sexo masculino.

O exame é feito a partir da retirada de celulas do blastocisto(embriao de 5º dia). Assim, por meio de uma técnica de biologia molecular, o material genético do embrião pode ser identificado.

É importante lembrar que antes de realizar a sexagem fetal, deve ser feita uma biópsia nos embriões para a identificação de doenças e outras possíveis complicações. Somente depois dessa análise é que é feito o exame para a seleção dos embriões do sexo ao qual a doença não está associada.

Há algum método para escolher o sexo do bebê naturalmente?

Muitos casais buscam métodos naturais para que o óvulo seja fecundado por um espermatozoide com o cromossomo Y (que determina o sexo masculino) ou com o cromossomo X (que define o sexo das meninas),de acordo com a preferência.

Entenda como funciona

Conhecido como o método Shettles, essa é uma das formas recorrentes de aumentar a probabilidade de escolher o sexo do bebê. Assim, em uma gestação planejada, o casal pode optar pelo dia do ciclo menstrual mais propício para a fecundação do sexo definido para a criança. 

Isso é feito por uma lógica aproximada, que afirma que o espermatozoide com o cromossoma Y (masculino) é menor, mais rápido e de menor resistência em relação ao cromossoma X (feminino)

Por isso, segundo o método, quando a relação sexual ocorre no dia da ovulação, as chances de que o bebê seja do sexo masculino são maiores, mas se ocorrer dias antes da ovulação, a probabilidade de que seja uma menina são mais evidentes.  

Isso pois os espermatozoides que carregam o cromossomo Y são mais rápidos, porém, menos resistentes. Ou seja, duram pouco tempo no interior do útero, enquanto os gametas que levam o cromossomo X são capazes de permanecer no mesmo ambiente por mais tempo, podendo aguardar a eclosão do óvulo.

Atenção!

De qualquer forma, é importante ter atenção para alguns fatores importantes para que esse método realmente funcione. Isso pois algumas condições precisam estar propícias para que tudo dê certo. Além disso, nem sempre, o homem ou a mulher exercem um controle direto sobre essas influências. 

O pH do útero da mulher, por exemplo, pode influenciar no resultado. Ou seja, caso se encontre mais ácido, pode representar um ambiente hostil para os espermatozoides com cromossomo Y. 

Outro fator influenciável é que, por algum motivo, o homem pode produzir uma quantidade maior de cromossomo X, o que também irá reduzir a possibilidade de ser concebida uma menina.

Por isso, é importante orientar que métodos como esse apresentam apenas uma probabilidade, mas não oferecem uma eficácia comprovada. 

No entanto, se fizermos uma reflexão: mais importante que a escolha do sexo do bebê, é que a criança nasça saudável, não é mesmo?

Nesse caso, é possível planejar uma gestação e investigar a fundo se o bebê corre o risco de desenvolver um problema de saúde, como por meio do Screening Genético Pré-Implantacional – PGS

Além disso, um pré-natal feito corretamente aumenta as chances de que o desenvolvimento do bebê seja observado com maior atenção e, por isso, nasça saudável.

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Publicado por: Dr. Ricardo Nascimento - Ginecologista - CRM-SC 3198 e RQE 2109
Formado em Medicina pela Universidade Federal de Santa Catarina, em 1981. Residência Médica na Maternidade Carmela Dutra- Secretaria Estadual de Saúde-SC, Especialização em Reprodução Humana na Universidade Federal do Paraná.

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