Faça uma análise do seguinte cenário: um casal deseja muito engravidar, mas descobre que não pode fazer isso naturalmente devido a problemas de infertilidade. Para realizar a vontade de ter um filho e por recomendação do médico especialista em reprodução humana assistida pelo qual tem sido assistido, recorre à fertilização in vitro. E nada acontece. Movidos pela esperança, tentam mais algumas vezes, sem sucesso. O que fazer agora?
As opções são:
- continuar tentando, já que a possibilidade de a gravidez ocorrer por uma das técnicas de reprodução humana ainda existe;
- desistir de tentar, pois estão fazendo isso há algum tempo, sem resultados concretos e isso está sendo muito desgastante;
- abrir mão do tratamento, mas não de serem pais porque sempre há a possibilidade de adotar uma criança.
Existem casais que têm disposição para seguir com a alternativa A, até o momento que se deparam com o inevitável: não vai ser possível concretizar a gravidez. E se dão conta disso ao defrontar-se com algumas das boas razões para a interrupção do tratamento:
- Quando se tenham esgotadas todas as opções terapêuticas;
- Quando se tenham esgotados todos os recursos físicos, emocionais e financeiros do casal;
- Quando estejam sendo atropelados outros setores da vida do casal com efeitos negativos sobre sua qualidade de vida;
- Quando existam doenças graves ou gravidez de alto risco;
- Quando a idade da mulher for 50 anos ou mais.
Ao desistir, os casais que escolheram a opção A tendem a passar automaticamente para a opção B ou C. Mesmo quem opta primeiro por desistir, caso não considere a adoção uma possibilidade, vive uma ruptura e precisa redefinir as metas para canalizar a energia investida no tratamento falho para a fertilidade para outros desejos, outros projetos e outros sonhos, colocando a infertilidade em lugar diferente daquele do centro de sua vidas.
A possibilidade da adoção
Mediante a ineficácia do tratamento e a desistência em tentar mais vezes, o casal decide pela adoção, seguindo uma tendência: a maior parte dos casais tem a adoção como segunda ou terceira escolha em direção a maternidade/paternidade.
Os casais geralmente passam do tratamento da infertilidade para a adoção após esgotar todas as opções médicas disponíveis. Antes, procuram ter certeza que a gravidez biológica está fora do seu alcance.
O ímpeto de ter um filho biológico e a frustração de não conseguir isso, às vezes, o leva a considerar a adoção como um subterfúgio para a ansiedade deixar de existir e, finalmente, conseguir resultado no tratamento. Este é um motivo equivocado.
A experiência da infertilidade traz ao casal muitas perdas: perda da continuidade genética; da vivência física da gravidez e do nascimento; da experiência da amamentação; e muitas outras. A adoção não é um caminho para eliminar esse sentimento. Com ela, surgem outros, da mesma magnitude.
O processo da adoção também pode ser moroso e permeado por dúvidas e incertezas. O casal precisa estar muito ciente do que quer para enfrentá-lo, tanto quanto um tratamento de infertilidade. Assim, decidir-se pela adoção pelas razões erradas pode tornar o processo tão penoso quanto um procedimento de reprodução humana mal sucedido. Antes de “bater o martelo”, é válido conversar a respeito com o médico ou um psicólogo.