Sofrer um aborto espontâneo é um momento triste para os casais que desejam aumentar a família. Infelizmente, estudos indicam que 10 a 15% das gestações terminam dessa forma. Portanto, é mais comum do que parece.
As causas são várias e muitos aspectos de saúde estão envolvidos. Inclusive, sempre surge a dúvida: perder um bebê prejudica a capacidade de engravidar novamente? Vamos explicar tudo neste material, até mesmo solucionar mitos. Continue lendo e confira.
O que é o aborto espontâneo?
Considera-se abortamento a interrupção da gravidezantes de o feto atingir sua viabilidade. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),esse limite seria entre 20 a 22 semanas, a partir do qual ocorreria a prematuridade. Nos casos de idade gestacional desconhecida, é aceito o limite de 500g.
A incidência do problema nem sempre é bem conhecida, pois alguns abortos podem ocorrer antes do atraso menstrual, sem que a mulher ao menos saiba que estava grávida. No entanto, a literatura médica indica que a taxa tende a crescer com a idade materna: 9 e 17% até os 30 anos; 20% aos 35 anos; 40% aos 40; e 80% aos 45 anos.
Oitenta por cento das interrupções ocorrem antes das 12 semanas. Após as 15 semanas a incidência geral é muito baixa (cerca de 0,6%) podendo variar com a idade materna e a etnia.
Quais são as causas?
Existem várias causas de aborto espontâneo, sendo algumas evidentes e outras ainda no campo das hipóteses. Os episódios que ocorrem no primeiro trimestre de gestação costumam ter causa cromossômica de 50 a 80% das vezes.
No entanto, nem sempre é possível determinar o que gerou a perda. Por isso, nessas situações não é possível preveni-lo, mesmo que se mantenha hábitos saudáveis e boa saúde.
Quando isso acontece, muito provavelmente, o aborto está relacionado aos seguintes fatores:
- alterações uterinas, que podem ter origem congênita ou adquiridas;
- fatores endócrinos, como a alteração no funcionamento da tireoide e diabetes;
- fatores imunológicos, como as doenças autoimunes, principalmente;
- infecções diversas.

Tipos de aborto espontâneo
O abortamento apresenta-se sob muitas facetas com diversos sinais e sintomas, caracterizando várias formas clínicas. Veja a seguir:
Ameaça de abortamento
É o abortamento com chances de reversão, aproximadamente 40 a 50% dos casos evolui para a interrupção. Quando a atividade cardíaca fetal é detectada, a taxa de abortamento cai para 5 a 10%.
Os sinais de alerta envolvem cólica e sangramento discreto. Em geral, o fluxo sanguíneo na fase de ameaça é menor do que na interrupção inevitável.
Ao exame clínico, é possível ver um útero compatível com a idade gestacional, o colo é fechado e no exame especular o sangramento vem do orifício interno do colo uterino, afastando-se outros tipos de sangramentos de origem ginecológica. O tratamento é baseado em repouso relativo, evitando atividade física e sexual.
Abortamento inevitável
Não mais compatível com o prosseguimento da gestação. Geralmente, é precedido por quadro de ameaça de abortamento. A paciente tem cólicas mais intensas, assim como maior sangramento.
O tratamento dependerá da idade gestacional e de outras condições de saúde da mulher. Até as 12 semanas, o procedimento de escolha será o esvaziamento da cavidade uterina, através de curetagem ou vácuo-aspiração.
Abortamento incompleto
Neste caso, ocorre a eliminação parcial do tecido fetal e placentário. Normalmente expulsa-se o feto e permanece a placenta. É mais frequente após as 10 semanas de gestação.
Durante o exame, o útero encontra-se de volume menor ao esperado para a idade gestacional, o sangramento vaginal persiste, da mesma forma que as cólicas. O tratamento é o esvaziamento do útero de forma cirúrgica.
Abortamento completo
Ocorrência mais comum até as 10 semanas de gestação, com a eliminação total do feto e placenta. O quadro é caracterizado quando cessam as cólicas e diminui sensivelmente o sangramento. Geralmente, segue o abortamento inevitável.
Abortamento retido
O útero mantém o feto sem vida, mas há diminuição gradativa dos sintomas de gravidez. Em alguns casos, a paciente apresenta os sinais de ameça de aborto.
Vale ressaltar que o abortamento é considerado retido quando ocorreu há mais de 4 semanas. Uma das condutas nessa situação é apenas aguardar que o corpo elimine o conteúdo uterino.
Abortamento infectado
Quadro geralmente associado à interrupção ilegal de gestação indesejada. Situação onde a manipulação uterina é realizada em más condições técnicas e sem condições de higiene.
Abortamento habitual
Também conhecido como “aborto de repetição”, é classificado em mulheres que já sofreram mais de três abortos, com menos de 20 semanas de gestação.
Quando isso acontece, as causas devem ser investigadas pelo médico e um acompanhamento precisa ser realizado com maior atenção. De acordo com a Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), as causas que levam aos abortos de repetição podem incluir:
- genética;
- fatores anatômicos, como a síndrome de Asherman;
- leiomiomas uterinos;
- pólipos endometriais;
- incompetência istmo-cervical;
- defeitos de desenvolvimento uterino, como útero bicorno, útero septado e útero didelfo;
- fatores endócrinos, como a síndrome dos ovários policísticos;
- doenças autoimunes;
- síndrome de anticorpo antifosfolípide (SAAF).
No entanto, graças a evolução da medicina reprodutiva, hoje em dia é possível fazer um diagnóstico seguro e totalmente confiável por meio de um exame que permite acompanhar a gestação de uma mulher que já passou por abortos de repetição.
Como prevenir um aborto espontâneo?
Mesmo que não haja uma forma de prevenir o aborto espontâneo, é possível adotar algumas medidas que diminuem a probabilidade de que aconteça. Uma das mais eficazes é controlar os principais fatores de risco, que podem contribuir consideravelmente para a interrupção precoce da gravidez. São eles:
- idade: quanto mais avançada a idade da mulher, maior o risco de aborto;
- antecedente de aborto espontâneo/ aborto de repetição: a probabilidade de sofrer aborto aumenta após duas ou mais perdas;
- tabagismo, consumo de drogas e álcool;
- uso de anti-inflamatórios não hormonais;
- alto consumo de cafeína, mais de quatro xícaras de café expresso por dia;
- extremos de peso, como magreza ou obesidade.
Embora seja muito recorrente que as mulheres busquem compreender o que houve de errado que levou ao aborto, a investigação médica da causa do problema só acontece quando o quadro corresponde a abortos recorrentes.

Diagnóstico seguro
Passar por abortos consecutivos pode desestabilizar a saúde emocional da mulher que deseja ser mãe. Assim, qualquer sinal de anormalidade gera muita ansiedade e medo de levar a frente uma nova gestação.
Como vimos, são diversas situações que podem desencadear um aborto espontâneo, podendo, inclusive, apresentar fatores combinados.
No entanto, quando a investigação médica atribui um aspecto genético, é possível observar o caso com maior profundidade e evitar perdas futuras. Dessa forma, a mulher pode preparar a sua gestação a partir de uma melhor observação de suas possibilidades como mãe.
O Diagnóstico Genético Pré-Implantacional (PGD) é um exemplo do que pode ser feito para mulheres que apresentam quadros de aborto de repetição. Consiste em um exame diagnóstico que pode ajudar a identificar e prevenir a manifestação de doenças genéticas antes de iniciar uma nova gestação.
Além do diagnóstico, o PGD permite fazer uma seleção eficaz para a transferência de apenas embriões geneticamente normais. Graças a essa investigação, é possível planejar uma gravidez com maiores chances de sucesso, por meio de um tratamento de reprodução assistida.
Atualmente, a maioria das clínicas de reprodução utilizam o Diagnóstico Genético Pré-Implantacional (PGD). Afinal, quando é aliado às técnicas de reprodução assistida, como a ICSI, é possível reduzir, consideravelmente, as chances de recorrência do abortamento.
Ao mesmo tempo, quando a mulher que passa por abortos de repetição e gestações arriscadas opta por realizar uma técnica de reprodução assistida combinada com o PGD, é capaz de reduzir o tempo de alcance de uma gestação saudável.
Quer saber mais sobre o Diagnóstico Genético Pré-Implantacional (PGD)? Venha conversar com os especialistas da Fecondare, de Florianópolis.
O aborto espontâneo dificulta uma nova gravidez?
Caso não existam problemas de saúde que possam ter influenciado no aborto espontâneo da gestação anterior e que exijam tratamento, a mulher pode voltar a engravidar assim que se sentir pronta para isso.
Em uma nova gestação, é pouco provável que um aborto espontâneo aconteça novamente. Porém, quando a paciente ainda tiver receio de que o problema se repita, pode conversar com o médico a respeito. O melhor, nesse momento, é munir-se de informação para sentir-se segura e confortável, e viver plenamente a gestação.
2 mitos e 1 verdade sobre o aborto espontâneo
A perda gestacional ainda é rodeada de mitos. Listamos alguns dos mais comuns para desvendá-los, assim como uma verdade.
1. É possível ter um segundo aborto depois de já ter perdido um bebê
Como explicamos anteriormente, o fato de a mulher já ter tido um aborto espontâneo não torna maior a possibilidade disso acontecer uma segunda vez.
A chance de a gravidez acontecer é alta mesmo em mulheres que tiveram três perdas espontâneas. O importante é investigar o que pode estar acontecendo após o problema se repetir algumas vezes. Em muitos casos, é possível tratar a condição que está impedindo a gravidez de prosseguir.
2. A mulher que sente cólica e tem um sangramento leve está perto de abortar
Sentir cólica e até ter algum sangramento no início da gravidez é comum e, dificilmente, esses sintomas são motivo para preocupação. Uma parcela considerável das gestantes vivenciam tais sintomas, que podem ser provocados pelo aumento do tamanho do útero.
Ainda assim, é fundamental conversar com o obstetra que está realizando o acompanhamento pré-natal para que ele possa verificar melhor a situação. No caso das dores serem muito fortes, a busca por ajuda médica deve ser imediata.
3. Ter alguma doença nos primeiros três meses de gestação pode provocar a perda do bebê
Sim, existem algumas viroses, como rubéola, brucelose e citomegalovirose que podem causar abortamento, quando ocorrem no 1º trimestre.
Nas situações com febre muito alta, a mulher à espera de um bebê precisa recorrer à ajuda médica o quanto antes. O obstetra pode prescrever medicamentos permitidos para grávidas para tratar a causa da infecção.
Restou alguma dúvida sobre aborto espontâneo?
O aborto espontâneo é um assunto complexo e gera muitas dúvidas. Então, caso tenha restado algum questionamento, não fique sem respostas! Nossa equipe está à disposição para ajudar. Entre em contato e mande sua mensagem.