Publicado em 12/07/2016 - Atualizado 26/07/2019

A infertilidade e os aspectos psicológicos

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A infertilidade altera os projetos do casal na construção de uma família, com significativas consequências psicológicas, que se traduzem em estados emocionais de grande sofrimento. As técnicas de reprodução assistida oferecem uma solução muito bem vinda para a maioria dos casais nessa situação, mas também podem implicar em sentimentos que precisam ser administrados, dependo dos resultados do procedimento, tais como ansiedade, depressão e baixa autoestima.

Um estudo feito por professores dos Departamentos de Psiquiatria, de Ginecologia e do Serviço de Reprodução da Universidade Federal de São Paulo (USP) em conjunto com a Faculdade de Medicina de Santo Amaro – SP e publicado em 2009 fez uma interessante pesquisa comparando os estados emocionais de homens e mulheres submetidos à fertilização in vitro.

Mulheres são mais afetadas emocionalmente que os homens

Todos os estudos comparativos entre homens e mulheres realizados até agora mostram resultados muito semelhantes, indicando que as mulheres apresentam um grau de ansiedade, depressão e baixa autoestima mais alto que os homens. Um grupo de mulheres que apresentou sintomas psicoemocionais mostrou tendência a não conseguir engravidar.

De acordo com o estudo, essas diferenças são resultado de diversos fatores, entre eles, as exigências às quais cada um é submetido na fase de tratamento, que para as mulheres, é mais invasivo. Muitas mulheres tem a maternidade como um evento central para sua identidade. Para elas, a infertilidade transforma-se no maior problema de suas vidas e seu objetivo principal passa a ser “ter um filho”. A impossibilidade, então, gera profundo sofrimento psíquico. Quando a infertilidade é feminina, o quadro se agrava, gerando sentimento de culpa perante o companheiro.

Eficácia adaptativa na fertilização in vitro

A professora Katia Regina Ferreira, Mestre pelo Programa de Mestrado em Psicologia da Saúde, da Universidade Metodista de São Paulo, de São Bernardo do Campo, realizou um outro estudo com casais visando identificar o nível de adaptação dos casais à fertilização in vitro. Ela estudou o ajuste emocional de casais inférteis, ao processo, bem como o impacto do tratamento sobre a relação conjugal.

De acordo com os estudos, realizados com 148 mulheres que se submeteram à fertilização in vitro e 71 parceiros, avaliadas antes do início do tratamento e 6 meses depois do procedimento, ficou constatado que a ansiedade e a depressão aumentam ou diminuem nas mulheres, dependendo dos resultados. Segundo a pesquisa, os parceiros não apresentaram mudanças neste aspecto.

Quando o casal chega ao diagnóstico de infertilidade depois de muitas tentativas, já está instalado um certo nível de estresse. Eles sentem pressões internas e externas (expectativas sociais) que podem levar a uma grande crise e, inclusive interferir nas probabilidades de concepção. Um alto grau de ansiedade reflete na biologia humana e vice-versa, porque o ser humano é um todo integrado: emocional, mental e físico. Um estado de ansiedade pode interferir tanto no sucesso de uma gravidez natural quanto de uma gravidez por fertilização in vitro.

Para a profa. Kátia Regina, a infertilidade pode causar instabilidade emocional no casal que, em crise, tem dificuldades em utilizar seu raciocínio habitual na busca de solução. Tal crise demandaria então a mobilização dos mecanismos adaptativos do ego. Sendo a infertilidade um evento traumático, a busca pelo tratamento de reprodução assistida indicaria uma adaptação do casal, com objetivo de resolver o problema.

Ao passar por tratamentos de infertilidade, após terem um filho, grande parte das mulheres sente-se completa, sente-se realizada com relação à maternidade e os estados psicológicos de ansiedade e baixa autoestima decorrentes da situação de infertilidade deixam de existir. Quando a fertilização in vitro resulta em gravidez, as emoções negativas desaparecem, indicando que o stresse apresentado durante o tratamento está relacionado com a ansiedade frente à possibilidade de não engravidar.

A infertilidade, seus tratamentos, e os procedimentos de reprodução assistida constituem um processo bem longo, durante o qual manifestam-se sentimentos e comportamentos que merecem a atenção dos médicos e especialistas que acompanham o casal. Estes estudos trazem importantes contribuições, com resultados práticos apontando para a necessidade de suporte psicológico para os casais que se submetem à fertilização in vitro.

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Publicado por: Equipe Fecondare

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