Algumas mulheres recorrem à laqueadura tubária quando não desejam mais ter filhos. Parte delas, um tempo depois, arrepende-se de ter realizado o procedimento e busca meios para reverter a laqueadura. A cirurgia para reversão até existe: chama-se reanastomose tubária microcirúrgica, mas as chances de ela dar certo depende de alguns fatores.
Em mulheres que desejam “religar” as trompas de falópio para engravidar naturalmente após a laqueadura tem-se uma chance de a cirurgia ser bem-sucedida entre 30% e 80%. O motivo de haver tanta diferença entre o menor e o maior índice está ligado ao tipo de técnica utilizada para a laqueadura e o momento em que ela foi realizada. A idade da mulher também influencia nas chances de o procedimento ser bem-sucedido. No entanto, o principal fator está relacionado ao estado geral das trompas de falópio após a laqueadura.
É mais fácil restaurar as trompas quando elas não foram extraídas e quando a amarração, o corte ou a cauterização da tuba para impedir o óvulo de chegar ao útero é feito no meio. No caso de a interrupção ser na parte terminal, a reparação torna-se praticamente impossível.
Por isso, antes de recomendar à paciente que se submeta à cirurgia, o médico precisa fazer uma avaliação criteriosa do caso, considerando, inclusive, a idade da mulher, já que a capacidade reprodutiva feminina diminui progressivamente conforme o tempo passa.
O parceiro também deve ser envolvido nesse processo. Antes de atestar que é possível recanalizar as tubas uterinas de uma paciente, o médico deve analisar a saúde reprodutiva do homem e verificar se ele possui quantidade suficiente de espermatozoides para viabilizar uma gravidez espontânea. Caso o número de gametas seja menor do que o recomendado, pode ser que só seja possível conceber um bebê por intermédio da fertilização in vitro. Assim, a cirurgia para reverter a laqueadura pode ser desnecessária.
O procedimento é feito por via abdominal ou videolaparoscópica. A forma de realizá-lo depende do tipo de laqueadura que foi feita. Normalmente, na técnica mais utilizada para a laqueadura – técnica de Pomeroy -, além de amarradas, as tubas são cortadas. Quanto maior a área cortada, pior será o resultado para reanastomose. A técnica consiste sempre em abrir as extremidades que estão fechadas e fazer um ligação com pontos das duas extremidades.
Depois de unidas, as trompas passam por um teste de permeabilidade. Um corante é injetado nelas para saber se estão permeáveis. Cerca de 48 horas após a cirurgia, a mulher pode deixar o hospital. Transcorrido um mês do procedimento, a paciente já pode iniciar as tentativas de gravidez. Mas, a recanalização pode demorar mais de 30 dias para acontecer completamente, e pode ser necessário aguardar até um ano para descobrir se o resultado será o esperado.
Esse tempo de espera também precisa ser ponderado no momento em que estiverem sendo analisados os prós e os contras em realizar o procedimento para reverter a laqueadura. A mulher começa a ser gradualmente menos fértil a partir dos 35 anos e nem sempre pode aguardar para saber se a reversão possibilitará uma gravidez. Mulheres com menos de 35 anos geralmente não enfrentam essa questão da baixa fertilidade, por isso, a reversão da laqueadura é de melhor prognóstico nas mais jovens.
O que fazer quando não for possível reverter a laqueadura
Outra alternativa para ter um filho biológico, sem que seja necessário reverter a laqueadura, é realizar uma fertilização in vitro, em que a taxa de gravidez é maior e não é preciso aguardar um longo período de tempo para constatar o resultado. Cerca de 12 dias após implantar o embrião no útero já é possível realizar o teste para confirmar a gravidez.
A única dificuldade que a mulher que se submeteu previamente à laqueadura tubária (e possui idade superior a 35 anos) pode enfrentar ao optar por essa técnica de reprodução humana assistida é a de ter uma resposta não tão satisfatória à indução da ovulação. Essa reação é melhor em mulheres de menor idade (abaixo dos 35 anos). Ainda assim, a laqueadura tubária não é considerada algo que interfere nos resultados da fertilização in vitro.
A chance de uma mulher engravidar tendo o embrião implantado no útero é de até 40%. O tempo médio necessário para realizar todo o processo, a partir do momento em que o casal opta por fazer a fertilização, é de 45 dias, considerando que:
Todos esses pré-requisitos e outros exames que avaliam a condição geral de saúde do casal são avaliados pelo médico especialista em reprodução humana assistida no decorrer do tratamento.
Nem sempre a gravidez ocorre no primeiro implante de embriões. Nesse caso, os médicos recomendam repetir o procedimento mais duas vezes, no máximo. É possível que, mesmo após três tentativas, não haja confirmação da gestação, tornando necessária a realização de outro tipo de tratamento. Tem dúvidas sobre a reprodução assistida? Acesse os outros artigos do nosso blog sobre o tema