A chegada da puberdade para as meninas é diferente do que para os meninos. Para elas, essa fase da vida é marcada pela menarca. O termo define a primeira menstruação da mulher, que acontece entre os 10 e 15 anos. É o sinal biológico de que ela está preparada fisicamente para ter filhos e, possivelmente, não terá dificuldade para engravidar.
Há casos de meninas que só menstruam aos 16 ou 17 anos. Outras demoram ainda mais e isso, sim, pode ser um problema. A ausência da menstruação está associada a uma condição rara: a síndrome de Mayer‐Rokitansky‐Kuster‐Hauser (MRKR) – mais conhecida como Síndroime de Rokitnaski -, caracterizada pela ausência total ou parcial do canal vaginal, anomalias uterinas e tubárias. Muitas vezas ela só é descoberta quando são investigados os motivos de a adolescente ainda não ter menstruado.
MRKR é o que causa a dificuldade para engravidar
A doença atinge uma a cada cinco mil mulheres. As portadoras da síndrome possuem os ovários, que funcionam normalmente, secretando os hormônios sexuais (estrogênio e progesterona) responsáveis pelo desenvolvimento das características femininas. Mas não possuem o útero. Sem útero, não há menstruação, nem é possível engravidar naturalmente.
Há mais de uma classificação para a doença. A do Tipo 1 é a mais comum das três e se restringe às alterações no sistema reprodutor. Menos predominante, na do Tipo 2 há assimetria no remanescente uterino e anomalia das tubas uterinas. A última classificação é a do Tipo 3, denominada MURCS, que têm duas condições associadas: hipoplasia (desenvolvimento insuficiente) ou aplasia (ausência total) uterovaginal, malformações renais, ósseas e cardíacas.
Ausência de útero não impede a maternidade
Há casos de mulheres com síndrome de Rokitanski que têm de realizar uma cirurgia para adaptar a estrutura do sistema reprodutor internamente para ter relações sexuais plenas. No entanto, para gerar um bebê, é preciso estudar outras alternativas.
Existe uma maneira de as mulheres com a síndrome de Rokitanski tornarem-se mães biológicas: contar com a colaboração de uma familiar que aceite “emprestar” o útero para gestar o bebê, ou seja, concorde em ser uma barriga solidária.
No caso da Amanda, que descobriu aos 11 anos que não tinha útero, a barriga solidária foi a própria mãe, Deuma, que recebeu o embrião da filha e do genro por intermédio da Fertilização in Vitro no útero para o feto se desenvolver e nascer.
Orientada por um médico especialista em Reprodução Humana Assistida, a família atendeu à Resolução nº 2.121/15 do Conselho Federal de Medicina, que estabelece as normas éticas para a utilização das técnicas de reprodução assistida no Brasil e determina que “as doadoras temporárias do útero devem pertencer à família de um dos parceiros em parentesco consanguíneo até o quarto grau (primeiro grau – mãe; segundo grau – irmã/avó; terceiro grau – tia; quarto grau – prima)”.
Outro ponto importante da resolução é que “a doação temporária do útero não poderá ter caráter lucrativo ou comercial”. Quando nenhuma familiar se dispõe a ajudar o casal, a possibilidade de a barriga solidária ser uma amiga, por exemplo, precisa passar pela análise do Conselho Regional de Medicina (CRM) e autorizada por ele.
Atualmente há diversas possibilidades para homens e mulheres conseguirem viver a experiência da maternidade e da paternidade. Em uma consulta com um médico especialista em Reprodução Humana Assistida é possível conhecer todas elas e já começar a se preparar para se tornar pai ou mãe.