Atualmente até pode ser aceito que um casal jovem e fértil opte por não ter filhos, mas a infertilidade, de modo geral, é vista pelas pessoas como uma condição a ser superada. Ao procurar um médico especialista, algumas opções de tratamento são apresentadas e a reprodução assistida se destaca como a melhor opção em parte dos casos.
Há muitos anos as modernas técnicas de reprodução assistida são usufruídas e constantemente novas pesquisas e tecnologias vão sendo desenvolvidas e aplicadas com o objetivo de aumentar o número de casais que possam ter na reprodução assistida a solução para sua incapacidade de ter filhos. Mesmo que a tecnologia continue melhorando, ela esbarra em uma questão que pode limitar a sua aplicação na prática: a ética.
Sobre a aplicação das mais modernas tecnologias, a opinião de especialistas, de estudantes e da sociedade em geral parece divergir em relação a alguns pontos, como quando pesamos o seu custo e o seu benefício, sendo que o público em geral costuma ser mais mais conservador nessa ponderação.
Questiona-se também sobre os limites da criopreservação, que é a técnica de congelação de células com o objetivo de preservá-las para serem utilizadas no futuro. No contexto da reprodução assistida se refere ao congelamento de óvulos ou embriões. É uma técnica indicada para pacientes que irão se submeter à quimioterapia – já que esse é sabidamente um tratamento que pode levar à infertilidade – com o objetivo de, por exemplo, permitir que a paciente, depois de curada, possa engravidar.
O que gera questionamento entre as pessoas é até que ponto estaria “certo” qualquer pessoa poder usufruir dessa técnica com o simples intuito de preservar óvulos ou embriões para o futuro – independentemente de se expor a tratamentos que poderiam levar à infertilidade – isto é, “congelar por congelar”. Seria ético usar a criopreservação sem uma indicação clara? Não há resposta certa para essa pergunta.
Nossas opiniões resultam de nosso conhecimento, nossa experiência, nossas expectativas e o que para nós é certo ou errado. Novas tecnologias sempre promovem discussões que acabam levando a mais conhecimento e à ampliação de nossos limites. E é por isso que a informação, bem como o cuidado com sua fonte, é ainda a ferramenta mais importante para a formação de nossa opinião.
Dr. Jean Louis Maillard, ginecologista da Fecondare (CRM-SC 9987 , CRM-RS 13107 e RQE 5605) ressalta que é importante lembrar que de cada 100 casais que não conseguem engravidar, cerca de 15 a 20 necessitarão de reprodução assistida, os demais terão sua gestação com outros tratamento de menor complexidade e de todos eles apenas 5 nunca conseguirão engravidar. Nos casos de criopreservação de gametas, óvulos ou semem, devemos sempre colocar à disposição dos pacientes com tumores malignos, pois esta será talvez a única chance de eles poderem ter filhos. Mesmo nos tumores mais agressivos com menor chance de cura, esta possibilidade, caso seja aventada pelo paciente, deve ser realizada, pois traz para o paciente um panorama de atingir a cura maior.