A obesidade é considerada uma doença sistêmica. Isso significa que seus efeitos sobre a saúde não se restringem a um único órgão, mas acontecem na verdade de forma global, afetando diferentes sistemas do corpo. Gestantes com obesidade podem apresentar problemas de saúde variados (de circulação, digestivos, respiratórios),maior mortalidade e maior necessidade de parto cesariano.
Em relação ao bebê, há maiores chances de parto prematuro, de morte alguns dias após o nascimento, de nascimento sem vida, de necessidade de tratamento em UTI, de defeitos congênitos (desenvolvidos durante a sua formação),entre outros.*
Mas será que os efeitos sobre a saúde do filho se mantêm quando ele se torna adulto? Um recente estudo realizado no Reino Unido** buscou responder a essa pergunta. Os efeitos a longo prazo pesquisados foram aqueles relacionados a problemas cardiovasculares como a angina (dor no peito associada ao esforço físico que pode levar ao infarto),infarto do coração, derrame, doenças arteriais não relacionadas ao coração (chamadas doenças arteriais periféricas) e outras.
A conclusão do estudo foi a de que chance de morrer por todas as causas era maior em adultos filhos de mulheres que foram obesas durante a gestação do que em adultos filhos de mulheres não obesas – a obesidade foi representada pelo índice de massa corporal (IMC) maior do que 30. Aparentemente os filhos de mulheres obesas apresentariam maiores taxas de pressão alta e colesterol. De acordo com isso, foi constatado que o controle do apetite, o funcionamento hormonal e metabólico deles também pudessem estar alterados.
A saúde do bebê em formação é muito afetada pela saúde materna, inclusive pelos cuidados durante o período periconcepcional, isto é, desde antes de estar de fato grávida até o momento em que a concepção acontece. Um pré-natal adequado ajuda a prevenir diversas doenças da mãe e do bebê, assim como detectar de maneira precoce doenças que podem ser tratadas antes do nascimento. O bem-estar tanto da gestante quanto do feto são prioridade para uma gestação tranquila e saudável.
*Obesidade e gestação: aspectos obstétricos e perinatais Patricia Spara Gadelha, Antonio Gadelha da Costa, Ana Karina de Sousa Fernandes, Marcella Alves de Farias, FEMINA | Janeiro 2009 | vol. 37 | nº 1
**BMJ 2013;347:f4539 doi: 10.1136/bmj.f4539 (Published 14 August 2013) Maternal obesity during pregnancy and premature mortality from cardiovascular event in adult offspring: follow-up of 1 323 275 person years