Em todas as áreas da saúde, foram estabelecidas orientações para amenizar controlar a disseminação do novo coronavírus. Da mesma maneira, para as clínicas de fertilização humana foi estabelecida uma conduta importante, tanto para as pessoas que estavam em tratamento de reprodução assistida, tanto para os casais que planejam engravidar.
Para promover maiores esclarecimentos sobre essa questão, o Dr. Ricardo Nascimento, especialista em reprodução humana na Fecondare e professor da Universidade de Santa Catarina (UFSC), explicou quais cuidados são necessários para quem busca engravidar naturalmente ou por meio de técnicas de reprodução assistida, durante o período de disseminação do coronavírus.
Leia a entrevista:
Como o coronavírus interfere na fertilidade?
O que o coronavírus representa para a fertilidade ainda é algo desconhecido. Isso, pois consiste em uma doença nova e, diariamente, aprendemos alguma coisa a respeito.
“Estou impressionado com a quantidade de publicações científicas e comentários sobre as dúvidas que nós temos sobre o novo coronavírus e a COVID-19 e no que diz respeito à fertilidade não é diferente”, explica o especialista.
Entretanto, dentre as dúvidas e as certezas a respeito do novo coronavírus e a fertilidade, uma regra geral estabelecida para maior proteção é evitar engravidar durante a pandemia, até que mais estudos sejam desenvolvidos.
O ideal é que as pessoas que podem esperar para engravidar, como, por exemplo, os jovens, sem nenhum problema no sistema reprodutor, devam adiar o momento de ter filhos.
De acordo com o especialista, não sabemos se o vírus tem influência no primeiro trimestre da gravidez, que é exatamente o momento em que é feito a formação do corpo e dos órgãos do bebê.
Orientações gerais sobre o coronavírus
A Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH) divulgou algumas medidas, para orientar os casais que desejam engravidar nesse momento ou recorrer aos procedimentos de reprodução assistida. Confira as orientações, também seguidas pela Clínica Fecondare:
Adiar os tratamentos
Devem postergar o tratamento para gravidez os pacientes com alta probabilidade de ter COVID-19, ou seja, aqueles que tenham apresentado sintomas como febre, tosse e falta de ar e exposição a menos de um metro e meio de um paciente confirmado com COVID-19.
Além disso, dentro de 14 dias após o início dos sintomas ou a partir de um resultado positivo do teste para COVID-19, também é necessário adiar o tratamento para obtenção de uma gravidez.
Para os pacientes sintomáticos que estiverem em vigência de tratamento da infertilidade, a SBRH sugere que seja cancelado o procedimento ou que seja feito o congelamento de todos os oócitos, ou embriões.
O ideal é evitar a transferência de embriões até que estejam completamente livres da doença e a situação no país esteja normalizada.
Outras medidas a serem adotadas
Segundo as orientações da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS),da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde, o momento pede:
- adiamento de consultas, exames e cirurgias que não apresentam caráter de urgência;
- manutenção da população em domicílio;
- postergar idas desnecessárias aos hospitais e recorrências aos serviços de saúde.
De qualquer forma, é importante lembrar que os casos individuais devem ser discutidos com o médico, já que, em algumas situações especiais, adiar o tratamento de infertilidade pode causar reais prejuízos nas chances futuras de uma gestação.
A exceção está prevista para quais casos?
Primeiramente, nos casos oncológicos. Ou seja, na situação dos pacientes que descobriram o câncer recentemente e precisam passar pelo tratamento de quimioterapia, é sabido que logo nas primeiras sessões de tratamento oncológico, os pacientes passam pela queda da fertilidade, já que os óvulos e espermatozoides são prejudicados.
“Além disso, também devemos nos colocar no lugar dos casais que tem pressa para engravidar, pois estão na corrida contra o tempo da fertilidade. Ou seja, podemos citar os homens com baixa produção de espermatozoides e as mulheres com a redução de óvulos. Por isso, correspondem a grupos de certa fragilidade emocional e física, que se incluem nos casos de exceção”, exemplifica o Dr. Ricardo.
No mais, o importante é compreender que, o congelamento está liberado para os casos mais urgentes, mas os procedimentos como indução da ovulação e inseminação intrauterina devem ser evitados durante a pandemia.
E quem estava planejando engravidar?
O ideal é que quem puder esperar, adie pela gestação. Ou seja, quem puder esperar para engravidar nesse momento, essa é a medida ideal até que a transmissão do vírus esteja normalizada.
Já a premência da coleta dos gametas (óvulos e espermatozoides), a feitura dos embriões e a realização de exames de estudo genético dos embriões são procedimentos que podem ser feitos, sob as indicações específicas.
Por isso, o congelamento dos embriões e a não transferência dos mesmos para o útero é uma medida que permite preservar essas pessoas, evitando que engravidem.
Isso faz com que esse grupo esteja protegido e emocionalmente mais confortável, resguardando a possibilidade de uma gestação saudável após o período crítico da pandemia do coronavírus.
Assim sendo, quem puder esperar, o indicado é postergar é que se espere até que tenhamos mais informações a respeito e ter uma gravidez segura.
Acompanhe a entrevista completa com o Dr. Ricardo Nascimento e saiba mais sobre a relação fertilidade e coronavírus. Na entrevista, o especialista aborda também recomendações para as gestantes e cuidados com os recém-nascidos.