Há algumas décadas, a inseminação artificial tornou-se uma opção para o tratamento da infertilidade masculina em todo o mundo. Ela se dá por meio da doação voluntária de sêmen ou esperma (líquido que contém os espermatozoides),que substituirá o sêmen do parceiro masculino do casal receptor. A dificuldade de engravidar afeta um grande número de casais e, dependendo do motivo que a provoca, a inseminação artificial se torna um artifício muito bem-vindo.
Muitos estudos são realizados todos os anos, em diferentes países, para determinar as características dos homens que doam o seu esperma, e recentemente pesquisadores da Bélgica buscaram traçar um perfil sobre eles em diversos aspectos que envolvem a doação, como o recrutamento de doadornto, o anonimato, as responsabilidades envolvidas, etc.
As motivações que levam à doação são diversas e incluem o prazer de poder ajudar, a vontade de passar “a sua genética” adiante e de avaliar a sua própria fertilidade. Doadores mais jovens e solteiros, em contraste com aqueles que já são casados e constituem uma família, têm a compensação financeira como maior motivação e, além do mais, acreditam ser essa uma escolha pessoal, isto é, valorizam a opinião do seu parceiro ou parceira sobre o assunto, mas não é ela que define a decisão deles.
Sobre o anonimato também variam bastante as opiniões, e parece que nos últimos anos as pessoas estão aceitando saber cada vez mais sobre a criança gerada, sentindo uma responsabilidade moral sobre elas – principalmente os doadores solteiros e os homossexuais – mas, ainda sim, a maioria prefere não se envolver, embora todos acreditem haver algum tipo de relação entre eles e a criança, mesmo que seja uma relação “genética” apenas. A conclusão a que os pesquisadores chegaram é de que a maioria dos homens não se oporiam caso a criança os quisesse conhecer, mas não iriam ativamente procurá-la, como também a maioria acredita que essa deve ser uma decisão da criança, e não de seus pais, ou seja, quando ela completasse 18 anos.
A doação de esperma permite que milhares de casais pelo mundo todo possam ter filhos, mas muitas questões éticas e legais envolvem esse processo, portanto nem todas as pessoas estão realmente preparadas para lidar com elas. Buscar aconselhamento profissional é de extrema importância para elucidar as escolhas e as motivações, para que todas as decisões tomadas sejam conscientes e não gerem transtornos de qualquer natureza ou arrependimentos. É provável que ainda, por muitas décadas, exista a demanda pela doação de sêmen e que muitos homens continuem a ter a disposição para ajudar casais que sonham constituir uma família.
Cabe ressaltar a realidade brasileira, explica a psicóloga da Fecondare Maria Gabriela Pinho Peixe (CRP – 12/06513),que a doação de sêmen no Brasil além de ser realizada com a garantia do sigilo e anonimato do doador, só é permitida sem fins lucrativos, ou seja, de forma autruísta. Além da confidencialidade das informações dos doadores, do mesmo modo é garantido o sigilo daqueles que receberão o material doado.
A doação de sêmen auxilia os pacientes em 3 distintas situações: casais onde não é possível utilizar o material biológico do homem, casais homoafetivos feminino e também em produções independentes.
Poderíamos comparar a doação de sêmen com doação de sangue ou órgãos, onde o fazem para o bem de outrem, mas infelizmente a maioria das pessoas não tem conhecimento da importância desta doação e nem da quantidade de pessoas que precisam lançar mão desta alternativa. E neste sentido, os bancos de sêmen em muitos momentos tem seu estoque reduzido e disputado.