A fertilidade da mulher se inicia com a sua primeira menstruação e se encerra com a menopausa. Esse é um conceito biológico e limitado sobre a capacidade reprodutiva feminina, pois não explora o aspecto emocional que a envolve e que é inseparável do seu aspecto físico. Um recente artigo publicado na revista “Journal of Midwifery & Women’s Health” intitulado “Fertilidade feminina: uma análise conceitual e dimensional” apresentou um estudo sobre o conceito de fertilidade. A autora do artigo, Dana Rodriguez, procurou compreender o seu verdadeiro significado, objetivando conscientizar a paciente e o seu médico sobre essa questão.
Segundo a autora, a perspectiva sobre a fertilidade é dinâmica, isto é, ela muda com a evolução da própria mulher, e se torna evidente para ela nos períodos de transição de sua vida (como na primeira menstruação, ou menarca, e na menopausa) e nos períodos de angústia (como dificuldade de engravidar ou gravidez indesejada),e seria papel do médico ajudar a mulher a compreender o potencial único que ela carrega de gerar um filho e a lidar com essa capacidade no decorrer de toda a sua vida. É importante fazê-la entender sobre ambos os aspectos biológicos e psicológicos da sua fertilidade, para que sempre tome decisões bem informadas e saudáveis e nunca tenha sentimentos negativos em relação a sua vida reprodutiva, independentemente do que aconteça.
Assim, desde a menarca a menina deveria se tornar ciente do que representa a sua fertilidade e de como ela tem o poder de controlá-la e preservá-la; de qual a relação da sexualidade com a reprodução e a sua responsabilidade como mulher de primar por sua saúde – evitando doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez indesejada – e de como, para engravidar, nem sempre é necessária a presença de um parceiro (embora sempre seja necessária a presença do esperma).
A conscientização da mulher madura, que está terminando a sua fase reprodutiva (menopausa),é igualmente importante, pois essa fase não deveria ser vista como algo negativo, mas, sim, como uma libertação de algumas das responsabilidades inerentes à mulher fértil e, portanto, o começo de um novo período de sua vida, não melhor, nem pior, apenas novo.
A educação da mulher quanto a essa nova perspectiva permite que ela não seja escrava dos seus sentimentos nem da sua biologia e possa encarar todos os aspectos de sua capacidade reprodutiva potencial como algo próprio da sua condição, e jamais como algo negativo que possa lhe trazer constrangimentos ou sentimento de insuficiência, como no caso de mulheres que não conseguem engravidar quando assim o desejam, ou aquelas que já naturalmente não mais menstruam.
A educação do médico sob esse novo enfoque tem por objetivo que ele possa orientar a sua paciente, em qualquer fase de sua vida, permitindo que ela tenha uma melhor compreensão de si mesma, munindo-a de informação e autoconfiança para que sempre possa tomar as decisões reprodutivas (uso de anticoncepção, vida sexual, gravidez etc.) que mais lhe serão benéficas física e emocionalmente.