A inseminação artificial (IA) é um dos tratamentos de reprodução humana assistida de baixa complexidade que é indicado para os casos em que o colo uterino dificulta a chegada do espermatozoide às trompas, mesmo que a função ovariana e tubária estejam preservadas, e quando há alterações no sêmen em numero e movimentação dos espermatozoides. Neste passo a passo da inseminação artificial, é possível entender melhor como funciona o procedimento.
As chances de que a gravidez ocorra por intermédio dessa técnica são praticamente as mesmas de quando o processo de fecundação acontece naturalmente, já que o método apenas facilita o encontro do espermatozoide com o óvulo.
Muitas vezes, a inseminação artificial é utilizada como uma etapa intermediária que antecede a fertilização in vitro (FIV). O método consiste na colocação do esperma processado e concentrado diretamente na cavidade uterina. Da consulta inicial até a inseminação, o tempo médio é de 15 dias. Contando os dias que é preciso aguardar para poder realizar o teste de gravidez, esse período se estende para 30 dias.
Como é o passo a passo da inseminação artificial
1. Consulta
É o item mais importante do passo a passo da inseminação artificial, pois é quando o casal se informa sobre o que é preciso fazer para ter um bebê. Nem sempre a IA é a única opção disponível, mas, às vezes, conforme as condições de saúde dos parceiros, torna-se a alternativa mais viável em um primeiro momento. Antes de decidir isso, porém, é necessário que o casal realize alguns exames para avaliar como está a fertilidade.
A ultrassonografia pélvica transvaginal é realizada para confirmar a inexistência de cistos e gravidez. Os exames são essenciais para detectar possíveis problemas de fertilidade, mas são, somente, uma parte do processo.
Além deles, o médico especialista em reprodução humana considera, na avaliação da saúde do casal, o histórico de saúde familiar, o peso, a altura, a reserva ovariana e a qualidade do esperma, por exemplo. Em alguns casos, a causa da infertilidade pode ser facilmente resolvida sem que seja necessário qualquer tratamento para engravidar. Em outros, as técnicas de reprodução humana assistida são a única possibilidade de concretizar a gestação.
Por isso é tão importante o casal consultar com um especialista. Dependendo da situação, ele pode recomendar uma inseminação artificial. Assim, o próximo passo é fazer a estimulação ovariana.
2. Estimulação ovariana
A estimulação ovariana é feita para induzir o desenvolvimento de mais de um óvulo no ciclo ovulatório, mas de forma controlada, para não haver o risco de ocorrer a gravidez de múltiplos. É por este motivo que a mulher só deve utilizar medicamentos para aumentar a produção de óvulos sob supervisão médica.
Geralmente, o procedimento é realizado para obter entre dois e três folículos maduros para aumentar a taxa ovulatória. Para isso, são administradas doses diárias de FSH (hormônio folículo-estimulante) e/ou LH (hormônio luteinizante) recombinante ou urinário, e procede-se o acompanhamento do desenvolvimento dos folículos.
O controle é feito com a realização de até quatro ultrassonografias e exames de sangue, para verificar os níveis de estradiol no organismo. O estradiol é o hormônio responsável pela maturação do óvulo e é um marcador importante para comprovar o crescimento e evolução dos folículos.
3. Indução da ovulação
Pelas ultrassonografias, o médico consegue observar se os folículos atingiram o tamanho adequado para dar sequência à inseminação artificial. Após confirmar que estão suficientemente desenvolvidos, administra-se uma injeção de hCG para induzir a maturação dos óvulos e agenda-se a inseminação para cerca de 36 horas depois da aplicação do hormônio. O período de indução da ovulação é de 10 dias, em média.
4. Preparação do sêmen
Os espermatozoides também são preparados para a inseminação, em um processo mais simples. Cerca de duas horas antes de ser realizada a inseminação, os gametas são coletados e manipulados em laboratório para obter um melhor desempenho no momento da fecundação. Os espermatozoides móveis são separados dos imóveis, sem o uso de nada artificial no preparo seminal.
5. Inseminação
Somente os gametas masculinos com melhor performance são inseminados no interior da cavidade uterina com o auxílio de um cateter. O procedimento é semelhante a um exame ginecológico normal. A partir daí, o que vale é a qualidade seminal e a qualidade ovulatória, para que ocorra a fecundação na trompa.
Depois desse último procedimento do passo a passo da inseminação artificial, espera-se que os gametas se encontrem e tudo transcorra de forma natural. Ou seja, assim como acontece em uma concepção sem intervenção, a expectativa é de que o espermatozoide mais rápido alcance o óvulo e promova a fertilização.
Depois de aproximadamente cinco dias, caso tenha ocorrido a fusão dos gametas, o embrião chega ao útero.
O médico observa se a paciente ovulou para, somente neste caso, administrar o hormônio progesterona por via vaginal, que ajuda o embrião a se fixar no endométrio.
É importante salientar que essa é uma técnica realizada ambulatorialmente, sem necessidade de anestesia ou outros procedimentos de risco.
Após a realização do procedimento, espera-se cerca de 15 dias para verificar se haverá menstruação. Mediante a ausência do período menstrual, a paciente realizará o primeiro exame de gravidez, o beta-HCG.
Uma semana após a confirmação, a mulher faz os últimos exames da inseminação artificial e os primeiros da gestação: uma ultrassonografia vaginal e um exame de sangue. Estando tudo bem com o saco gestacional e com a análise sanguínea, é possível relaxar e curtir a gravidez.
Os casais que não conseguiram engravidar, podem repetir o procedimento sem que seja necessário aguardar muito tempo para realizá-lo novamente. Os médicos recomendam que sejam feitas até três tentativas. Nesse período, a possibilidade de a mulher ficar grávida é maior.
Taxa de sucesso da inseminação artificial
Estudos mostram que a chance de a inseminação artificial resultar em uma gestação pode variar muito e depende de múltiplos fatores. No entanto, de um modo geral, ela é bastante significativa: em torno de 15%.
As taxas mais baixas de gravidez podem ocorrer quando houver uma duração muito longa do período de infertilidade, a mulher possuir mais de 37 anos ou devido à presença de infertilidade de fator masculino severo.
Este último fator pode ser resolvido se o casal optar pela chamada fertilização heteróloga, na qual o sêmen provém de outro homem que não o parceiro. O material pode ser adquirido em um banco de sêmen com rigoroso padrão de confiabilidade. A doação é anônima.
O esperma doado também pode ser uma opção viável nas situações em que a mulher não possui um parceiro e deseja engravidar, quando ocorreu abortamento de repetição por fator genético ou quando somente um dos parceiros é portador do vírus HIV.
Tanto a amostra de esperma do próprio homem quanto a de doação é preparada no laboratório, sendo avaliada em termos de qualidade e quantidade. Depois, passa por um sistema de classificação e capacitação. Posteriormente, é colocada em uma seringa acoplada a um cateter para ser introduzido diretamente no fundo do útero, para seguir o próprio caminho pela tuba uterina.
A inseminação artificial também tem contraindicações
Há situações, porém, que a inseminação artificial é contraindicada. Mulheres com infecção cervical, intrauterina ou pélvica ativas não podem submeter-se à técnica até que a condição seja investigada e documentada. Caso nada seja detectado, mas hajam evidências clínicas de infecção, tais como corrimento purulento proveniente do canal cervical ou história de exposição recente a doenças sexualmente transmissíveis, no momento da realização da inseminação, o procedimento também deverá ser evitado.
Nesse caso, pode ser recomendado o uso de outra técnica de reprodução humana assistida. O tratamento mais adequado é definido de acordo com o motivo pelo qual o casal está tendo dificuldade para engravidar. Consultar com um médico especialista para detectar a razão pela qual a gravidez não ocorre naturalmente é o primeiro passo.
Alguns dos diagnósticos comuns em pacientes para os quais são indicados os tratamentos em reprodução humana incluem:
- disfunção ejaculatória do parceiro (inclui disfunção sexual e impotência);
- vaginismo severo;
- infertilidade de fator cervical;
- infertilidade de fator masculino;
- infertilidade inexplicável;
- endometriose estágio I ou II;
- fator ovariano (anovulação).
Conforme o caso, o médico pode sugerir que seja realizada uma indução da ovulação com coito programado ou uma fertilização in vitro. Entenda a diferença entre os tratamentos:
Fertilização in vitro versus indução da ovulação com coito programado
A diferença entre o coito programado e a inseminação artificial é a maneira como ocorre a chegada dos espermatozoides até o óvulo. Na inseminação artificial, os espermatozoides móveis, após processamento e capacitação no laboratório da clínica de reprodução, são colocados dentro da cavidade uterina com o auxílio de um fino e delicado cateter. Já no coito programado, o encontro entre os gametas é promovido de forma natural. As únicas interferências que ocorrem no processo é a estimulação ovariana, realizada para a mulher ovular mais e aumentar as chances de gravidez, e a definição do dia ideal para o casal ter relações sexuais.
Fertilização in vitro versus inseminação artificial
A principal diferença entre inseminação artificial e fertilização in vitro é que na inseminação a fecundação é para ocorrer dentro da pelve feminina, da forma que aconteceria naturalmente. Na FIV, o embrião se forma no laboratório. O óvulo e o espermatozoide são colocados em uma placa de Petri e permanecem em uma incubadora, no laboratório de reprodução, onde as condições das trompas são simuladas para que o espermatozoide fecunde o óvulo, como ocorreria no processo natural. Somente depois da fecundação ter ocorrido é que os chamados pré-embriões são implantados no útero.